Wallace Vainstock Monteiro, 20 anos, tem sonhos. O estudante, que se formou em 2011 no ensino médio e hoje faz cursinho pré-vestibular, busca, antes de qualquer coisa, uma profissão com a qual realmente se identifique e que lhe traga felicidade no dia-a-dia. O problema é que ele ainda não encontrou essa profissão. Das várias opções que já passaram pela cabeça de Wallace, algumas o estudante já eliminou, e outras permanecem no páreo.
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Quando criança, ele já quis ser desenhista, bombeiro, veterinário e fazer teatro. Na adolescência, experimentou trabalhar com telecomunicações enquanto fazia um curso técnico no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de São José, grande Florianópolis. Não chegou a concluir o curso, e descartou a área de sua lista.
– Quero um trabalho que não tenha muita rotina e que me permita conhecer coisas novas sempre – afirma, desta vez com convicção.
O professor de língua portuguesa Ricardo Paulo da Silva relata que a dificuldade de se escolher um curso é muito comum entre os estudantes do último ano do ensino médio e de cursinhos pré-vestibulares. Os alunos se preparam para as provas o ano inteiro, e em alguns casos só escolhem o curso no momento da inscrição. No entanto, nem todos colocam o prazer em primeiro lugar, como é o caso de Wallace.
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– Observamos que muitos estudantes são levados a optar por um curso por causa da família, dos amigos e da pressão da sociedade, quando, na verdade, a escolha tem que ser motivada pelo próprio aluno – opina.
Para o professor, pesquisar sobre a realidade da profissão – as opções de atuação e o mercado em Santa Catarina – e conversar com um profissional da área sobre o seu dia a dia é mais importante do que conhecer o curso em si. No fim de 2011, Wallace elegeu Relações Internacionais e prestou vestibular para o curso da UFSC, mas não foi aprovado.
No ano passado, mudou de ideia e se arriscou na Engenharia Ambiental. Além de ter a chance de sair em campo, o contato com a natureza também lhe agrada. A aprovação não veio e as dúvidas permanecem: ainda considera Engenharia Civil, Jornalismo ou a carreira de professor. Qualquer que seja a sua opção, uma certeza Wallace tem: quer ser aluno da federal.
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Na tentativa de se encontrar antes de as provas chegarem, o estudante tem pesquisado bastante sobre o ambiente de trabalho, as opções de carreira e o futuro de diversas profissões. As oportunidades de ir para fora do país também são um aspecto que ele leva em conta. Chegou a fazer um teste vocacional em uma revista voltada para estudantes, e o resultado foi Ciências Biológicas. Apesar de já ter considerado essa possibilidade, não se empolgou muito.
Preocupado, recentemente procurou a psicóloga e orientadora profissional do cursinho que frequenta. Felizmente, Wallace ainda tem alguns meses pela frente antes de marcar a opção definitiva.
– Se hoje fosse o último dia de inscrição para as provas, eu realmente não saberia o que fazer.
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Palavra de veterano
Hariel Sousa de Moraes Sarmento, 18 anos, viveu no ano passado dúvidas semelhantes às que Wallace ainda enfrenta. Quando começou o terceirão e a preparação para o vestibular, sentiu que não estava certo de qual curso prestaria no fim do ano. O estudante conta que sempre gostou muito de praticar esportes, e muitos colegas lhe diziam para fazer Educação Física. Mas ele estava inseguro, pois tinha também outras áreas de interesse.
Hariel Sousa estava em dúvida e acabou optando pela
Educação Física
Foto: Júlio Cavalheiro/Agência RBS
– Eu me preocupava porque de certa forma essa é uma decisão para o resto da vida. Você tem que se imaginar fazendo aquilo todos os dias, por muito tempo – conta Hariel.
O estudante chegou a fazer um trabalho de orientação profissional no colégio, mas na segunda metade do ano ainda não havia se decidido. Por recomendação dos pais, que são assistentes sociais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), procurou o Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC (Liop).
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A primeira etapa do processo foi o autoconhecimento, conta Hariel. Em sessões individuais, a psicóloga que o acompanhava fazia perguntas e pedia que ele se expressasse em relação a determinadas questões. Ele e a orientadora identificaram quatro cursos que poderiam se encaixar bem com o seu perfil: Educação Física, Jornalismo, Design e Administração. Depois de ler sobre cada um dos cursos e profissões, aos poucos ele foi eliminando algumas das opções.
– É muito importante saber o máximo possível sobre cada curso. Você pode até pesquisar sozinho, mas é melhor quando tem alguém para te auxiliar e conversar sobre o assunto – relata o estudante, que recomenda a orientação profissional para quem está com muita dificuldade em fazer a escolha.
Apesar de ter espírito de liderança e de ainda ter vontade de criar um negócio próprio, descartou a Administração porque queria algo mais dinâmico, sem muita rotina. O Design ficou de lado porque Hariel percebeu que desenhar era mais um hobby do que um sonho de carreira. Restaram Jornalismo e Educação Física.
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Ele prestou o primeiro curso na UFSC, e o segundo na Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc). Quando saíram os resultados, a não-aprovação na UFSC de certa forma ajudou Hariel, como ele mesmo brinca. Se tivesse passado nos dois cursos, teria ficado em dúvida sobre qual escolher.
Os primeiros três meses no curso de Educação Física têm sido uma experiência positiva. O universitário conta que se identifica não só com as atividades propostas nas aulas, mas também com os colegas de turma, que compartilham muitas de suas ideias de projetos para o futuro. A vontade de experimentar o Jornalismo permanece, mas os planos de trabalhar como preparador físico mantêm Hariel firme na sua decisão pela Educação Física.
O peso da escolha
O psicólogo e orientador profissional Carlos Marin, do Instituto do Ser (especializado em Orientação Profissional e de Carreira), explica que o peso da escolha por um curso e uma profissão é muito forte nesta fase da vida dos estudantes. Além das dúvidas em optar por esta ou aquela área, os jovens ainda sentem muito a pressão da sociedade e dos pais para que tenham “sucesso”. Retorno financeiro e empregabilidade são aspectos muito fortes para estes jovens.
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De acordo com Marin, muitas das dúvidas decorrem da desinformação e de ideias estereotipadas a respeito de algumas profissões. Algumas acabam sendo “rebaixadas” e outras ganham destaque exagerado na cabeça dos estudantes. Ainda é comum, por exemplo, que cursos mais tradicionais, como Medicina e Direito, sejam vistos como opções em que o sucesso profissional é garantido.
Confira algumas dicas que ajudam no processo de decisão
– Busque o autoconhecimento, isto é, tenha clareza das suas habilidades, interesses, gostos e preferências pessoais e profissionais.
– Ao escolher uma profissão, é importante diferenciar aquilo que você gosta por interesse próprio ou hobby daquilo que gosta e se imagina atuando enquanto profissional no futuro.
– Procure se informar sobre as profissões – o que faz, com o que trabalha, áreas de atuação, onde pode trabalhar, entre outras informações – em guias de profissões, na Internet, em visitas a universidades e conversas com profissionais da área/profissão de interesse.
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– Cuidado com os estereótipos: preconceitos e modismos em relação às profissões. Procure sempre a informação correta e adequada.
– Converse com pais, professores, amigos e profissionais sobre sua escolha profissional, as dúvidas, as angústias e os medos que surgem nesse momento. Converse também sobre as profissões, o mercado de trabalho e as suas expectativas futuras.
– Diferencie aquilo que você quer daquilo que os outros esperam ou desejam pra você, principalmente em relação à família. Reflita sobre isso.
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– Lembre-se: a escolha de uma profissão é sua, ninguém melhor que você para dizer o que quer ser e fazer no futuro. E ainda, você está fazendo a melhor escolha possível dentre as possibilidades disponíveis nesse momento. Esta escolha poderá sofrer mudanças um dia.
– Pondere todos os aspectos que estão influenciando a tua escolha profissional. Não deixe que somente, por exemplo, o ganho salarial, o status, o campo de atuação, o desejo da família, a insegurança em sua capacidade, entre outros aspectos, determinem a sua escolha.
– Escolher uma profissão envolve muito mais que escolher um curso – é um projeto de futuro, envolve planejamento.
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– Caso, ainda assim, estiver com dificuldades, procure um orientador profissional. – Comece desde já a pensar sobre sua escolha profissional, não deixe para os dias de inscrição nas provas. É interessante que os estudantes de 1º e 2º anos já comecem a pensar no assunto.
– Tenha em mente que a sua decisão não precisa ser definitiva. Mudar de ideia no futuro é comum. Errar é importante e faz parte da vida.
– É indispensável fazer uma escolha profissional consciente e confiante para atingir a própria realização. É nisto que está alicerçado o sucesso profissional. Para o seu pai ler O processo de escolha profissional para muitos jovens é angustiante e difícil. Neste momento a família, principalmente os pais, exercem um papel fundamental.
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Para os seus pais lerem
– Conversem com seus filhos sobre a escolha profissional que pretendem fazer e como estão se sentindo nesse momento
– Procurem ajudá-los a refletir sobre suas habilidades, interesses, gostos e preferências pessoais e profissionais
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– Conversem também sobre as profissões, o mercado de trabalho, e auxilie seu filho na busca por informações. Vocês podem solicitar a colegas de trabalho, amigos e rede de contatos que se disponham a falar sobre sua profissão, se for necessário
– Evitem comparações um filho e outro ou entre seu filho e colegas. Reforce as habilidades e potencialidades de seu filho e ajude em suas dificuldades. Ele precisa sentir-se confiante e seguro para tomar as decisões
– Não imponham, mas também não fiquem ausentes. Relatem sua própria experiência com escolha e trajetória profissional
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– Pressionar nesse momento não favorece uma escolha clara, consciente e segura. É preciso de diálogo constante, compreensão e apoio
– Preste atenção em seus argumentos e colocações ao conversar com o seu filho. Reflita você também a respeito de suas concepções de trabalho e das profissões no momento atual. Você verá que não é somente seu filho que tem dúvidas sobre o assunto
– A sua opinião, por mais que seu filho não demonstre, é muito importante pra ele. Ela é sim considerada
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– Caso, ainda assim, as dificuldades permanecerem, não fique se culpando, busque ajuda com um orientador profissional e/ou psicólogo
Fontes: Psicólogos e orientadores profissionais Carlos Marin e Cláudia Basso
Onde encontrar orientação profissional gratuita:
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Liop – Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC
www.liop.ufsc.br / (48) 3721-8213
Poc – Programa de Orientação de Carreira da Unisul