Talvez exista alguém no Brasil que conheça música tanto quanto Zuza Homem de Mello. Mais, é difícil: aos 81 anos, o crítico está na ativa desde 1957 e presenciou o surgimento de movimentos como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e a Tropicália. Ele esteve em Florianópolis para o Seminário de Improvisação Musical Brasileira, que começou ontem e vai até domingo no Centro Integrado de Cultura (CIC). Na ocasião, aproveitou para lançar o livro Música com Z – compilação com 140 artigos sobre alguns dos maiores artistas nacionais e internacionais – e conversou com o colunista (e fã).
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O que o senhor destaca nestes quase 60 anos de história da música abordados no livro?
Tem coisas que às vezes as pessoas nem acreditam que tenham acontecido comigo, como o relato de um espetáculo a que assisti no dia 29 de novembro de 1957 no Carnegie Hall, em Nova York. O elenco era formado pelo jovem Ray Charles, Dizzy Gillespie, Sonny Rollins, Chet Baker, Thelonius Monk, John Coltrane e, para terminar, Billie Holliday. Pense em algum show de jazz com essa constelação!
Qual é o problema da música brasileira atual?
Acho que o problema é a mídia, que prioriza músicas mais palatáveis para gostos muito rasos. A música não se desenvolve; a mesma frase é repetida umas 200 vezes – até o cara ficar atordoado e começar a cantar igual.
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Que artistas contemporâneos o senhor indica?
Juçara Marçal, que tem mais de 50 anos e somente no ano passado gravou seu primeiro disco solo, Encarnado. Existem arranjadores notáveis, como o Beto Villares. E admiro muito também o Pélico, que acabou de lançar seu terceiro disco, Euforia. Ele faz letras maravilhosas, é um compositor de primeira.
E de música catarinense, conhece algo?
Conheço um do tempo da Bossa Nova, não lembro o nome… não sei o quê Henrique.
Luiz Henrique? É o nosso João Gilberto!
Esse mesmo! O conheci na época, ele era muito bom.