O Brasil está pronto para exercer seu papel de convidado de honra na Feira de Frankfurt, na Alemanha, que começa na semana que vem, disse nesta quarta-feira, a ministra da Cultura, Marta Suplicy. Ela também comentou a matéria do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, publicada há cerca de um mês, que citou que apenas um negro faz parte da lista de 70 autores chamados para representar o Brasil na feira.

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Os contratempos nos preparativos já foram sanados e tudo foi resolvido dentro do orçamento de R$ 18,9 milhões, garantiu ela, em coletiva à imprensa na Biblioteca Nacional, na capital fluminense. Marta informou que os atrasos se deveram a mudanças de cargos no Ministério da Cultura, no Itamaraty e na Biblioteca Nacional.

– Essas mudanças todas acarretaram confusão. Houve uma série de situações bastante desfavoráveis que nos deixaram bem preocupados. Mas viramos a página – declarou. – Tivemos três licitações e obviamente ganharam os melhores preços. Conseguimos um hotel quatro estrelas em um lugar muito bom, melhor do que antevimos. Estamos respirando aliviados e está tudo sob controle – disse Marta.

Segundo o ministério, houve atrasos na abertura de licitações, de responsabilidade do Itamaraty, para contratação de serviços de hospedagem para a delegação, de produção executiva e de assessoria de comunicação. Os três processos licitatórios foram abertos três semanas antes da data de início da feira.

Sobre as escolhas dos participantes, a ministra explicou que a eleição dos autores teve que seguir critérios como autores de livros traduzidos ou em vias de serem traduzidos para o alemão ou outro idioma estrangeiro.

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– O critério [de escolha] não foi étnico. É uma feira comercial, então temos que dar prioridade a quem vai poder se colocar lá. Autores consagrados e a nova produção literária brasileira ainda desconhecida na Europa e mesmo aqui, mas que são autores que as editoras investem por considerarem que são grandes talentos – declarou a ministra.

Marta ressaltou que políticas públicas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e também as cotas vão possibilitar que, nas próximas gerações, o país tenha um número representativo de autores negros da sociedade brasileira.

– Hoje, infelizmente, não temos isso, é uma realidade.

O presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Renato Lessa, informou que mais de 200 obras foram traduzidas, como parte do Programa de Apoio à Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior. Segundo ele, as traduções vão ajudar a ampliar a presença do livro brasileiro na feira. Lessa disse ainda que a Alemanha é o país que mais demanda bolsas de publicação desde 2010, seguida da Espanha, França, Itália e Argentina.

Desde 2010, foram criadas 422 bolsas de apoio à tradução de autores brasileiros no exterior e 110 obras foram publicadas na Alemanha, das quais 63% oriundas do programa da fundação, explicou ele.

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– Acho que esse interesse pela literatura brasileira, que já é grande, vai continuar a crescer, e o programa pode ajudar, pois é barato – completou Lessa.

Considerado o maior evento mundial no mercado de livros, a Feira de Frankfurt vai reunir, entre os dias 9 e 13 deste mês, mais de 7 mil expositores de 100 países, com expectativa de receber mais de 250 mil visitantes. A participação brasileira no evento é organizada pelos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores, a FBN, a Fundação Nacional de Artes (Funarte), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL). Essa é a segunda vez que o Brasil é homenageado na feira. A primeira foi em 1994.