O streaming mais famoso do mundo lançou mais uma produção de true crime, que assim como “Dahmer” e “Narcos”, ficou entre as mais assistidas no Brasil. “O caso Asunta”, da Netflix, entrou no catálogo no dia 26 de abril, permanecendo entre os 10 conteúdos mais vistos no país. Retratando um dos crimes mais conhecidos da Espanha, e também com ampla reprodução pelo mundo, a história levanta o questionamento sobre como foi o crime real e ainda a respeito de questões em aberto por trás da obra de dramaturgia.

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Com seis episódios, a minissérie reconstrói o assassinato de Asunta Basterra, uma menina chinesa de 12 anos, apontada como desaparecida e depois encontrada morta, em setembro de 2013. Os pais adotivos Alfonso Basterra Camporro e Rosario Porto Ortega foram condenados como autores do crime. Ambos eram bastante conhecidos e influentes na Espanha, sendo um dos fatores para o caso ganhar uma ampla repercussão midiática. Porém, apesar do crime já ter os autores conhecidos, questionamentos sobre a motivação e a posterior morte da mãe adotiva seguem sendo feitos.

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Como foi o crime real de “O caso Asunta”?

Alfonso e Rosaria eram casados desde 1996 e decidiram adotar a criança em 2000, já que Rosario sofria de lúpus eritematoso, condição que dificulta a gravidez e pode levar a morte da mãe durante a gestação ou no parto. Nascida da China, a criança chamada até então de Fang Yong, foi adotada pelo casal espanhol com apenas nove meses de idade. Após ser adotada e se mudar para Santiago de Compostela, foi aí que a criança ganhou um novo nome e começou a ser chamada de Asunta.

Alfonso era um jornalista de economia conhecido no país e Rosario era uma advogada de sucesso, e na época do crime, atuava no consulado da França na Espanha. O casal, que aparentava uma vida “perfeita”, divorciou-se em fevereiro de 2013, ano em que a criança foi assassinada. A motivação foi a descoberta de um caso extraconjugal de Rosario, em janeiro do mesmo ano. O mês entre a descoberta e o divórcio foi de constantes brigas entre ambos, porém a assinatura da sepração foi feita após um acordo entre ambos.

O pai adotivo ficaria responsável pela criança e a mãe, que já sofria com lúpus e também teve crises de depressão, daria o suporte financeiro. Ambos viviam em apartamentos próximos, separados apenas por algumas quadras, com o obejtivo de facilitar o convívio de Asunta com ambos. Assim, a menina dividia-se entre as duas casas, a qual podia deslocar-se andando apenas alguns metros. Essa distância próxima de ambos foi crucial para identificar inconsistâncias sobre o trajeto da criança no dia em que ela foi assassinada.

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A morte de Asunta aconteceu no dia 21 de setembro de 2013, após o desaparecimento da criança ter sido reportado pelos pais durante a noite daquele dia. No começo do dia seguinte, pela manhã, um casal encontrou o corpo dela em uma área próxima a casa de campo dos pais adotivos. Porém, nenhum deles, naquele momento, demonstrou estar envolvido no crime. Asunta foi morta asfixiada, encontrada amarrada em cordas laranjas, após ter sido dopada com alta dose de lorazepam, calmante utilizado para o tratamento de ansidade.

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Por que os pais adotivos de Asunta foram acusados?

Os principais motivos para a acusação dos pais foram as inconsistências entre depoimentos. As investigações também apontaram que Alfonso comprou o medicamento utilizado para intoxicar a criança. A primeira inconsistência foi detectada no depoimento da mãe, Rosario, que disse ter deixado a criança em casa para visitar a casa de campo da família, em uma localidade chamada de Teo. Imagens de segurança mostram mãe e filha juntas em um posto de gasolina, contrariando a versão de que a garota teria ficado em casa.

Outra ação que foi crucial para a acusação foi o comportamento de Rosario após a descoberta da morte. A mãe adotiva pediu para usar o banheiro da casa de campo após os policiais comunicarem o crime. Uma oficial seguiu a mulher e descobriu que ela estava no quarto, tentando recuperar o que estava em uma lata de lixo do quarto. O conteúdo era um pedaço do mesmo tipo de barbante laranja com que os membros de Asunta foram amarrados quando seu corpo foi encontrado.

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Já o pai adotivo, embora não tenha asfixiado a criança ou participado do assassinato em si, foi apontado como autor por ter colaborado no planejamento do crime. Isso porque, segundo os registros da investigação, Alfonso foi quem comprou os comprimidos de lorazepam que estavam sendo dados para a garota há três meses. Denúncias sobre a sonolência e a confusão mental da criança, inclusive, já haviam sido feitas por professores da escola de música que ela frequentava. O sangue de Asunta tinha o equivalente a cerca de 27 comprimidos do medicamento no organismo.

O pai disse que as pílulas seriam para Rosario e que, por vezes, eram admistradas para a criança por causa de um episódio de invasão no apartamento da família. Em julho daquele mesmo ano, um homem teria invadido o quarto de Asunta e tentado estrangulá-la. Rosario teria ouvido barulhos, ido até o quarto da criança, e encontrado o agressor. O homem teria fugido após a mãe entrar no quarto, mas o incidente nunca foi reportado para a polícia. No julgamento, inclusive, o vizinho da família teria afirmado que seria improvável, já que os cachorros que ficam próximos ao muro da residência não teriam latido.

Todas as inconsistências do crime levaram a polícia a prender Rosario, no dia 24 de setembro, apenas dois dias depos da criança ser morta. Alfonso foi preso no dia 25 do mesmo mês. Ambos aguardaram o julgamento presos, até receberem o veridito de culpados, em março de 2016, quando 18 anos de prisão foram estipulados como pena. O suicídio de Rosario aconteceu em 202, após diversas tentativas da advogada.

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Quais são as questões em aberto no Caso Asunta?

O primeiro questionamento que ainda continua no caso é sobre a motivação do crime. Asunta foi morta dias antes de completar 13 anos de idade, além de ter sido assassinada após o envenenamento constante pelos pais. Porém, até a atualidade, o pai adotivo afirma que não participou do crime e é inocente. Em entrevistas posteriores à condenação, Alfonso insinuou ainda que desejava “desaparecer” após cumprir a pena e unir-se à filha, em uma possível insinuação a um suicídio.

A descoberta da motivação fica ainda mais difícil já que a mãe adotiva, apontada como principal articuladora da morte, morreu após suicidar-se na cadeia em que cumpria a pena assassinato. E as dúvidas sobre as circunstâncias da morte dela, segundo relatos da imprensa e da série, também são questionamentos que seguem em aberto.

Algumas teorias defendem que ela teria sido morta para que a verdadeira motivação do crime não fosse descoberta. Outras vertentes confirmam o suicídio e relacionam o fato com os problemas psicológicos e a depressão que Rosario enfrentava. O fato é que, mesmo mais de uma década depois do assassinato, não se sabe o que teria motivado o crime e nem o posterior suicídio da mãe adotiva de Asunta.

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Elenco de “O caso Asunta” do Netflix

O Caso Asunta (El caso Asunta) é uma minissérie espanhol criada por Ramón Campos, Gema Neira, Jon de la Cuesta e David Orea Arribas, baseada no assassinato de Asunta Basterra. As locações de filmagem incluíram Santiago de Compostela e Vigo e atriz Candela Peña trabalhou com dois treinadores para aperfeiçoar seu sotaque galego, dialeto da região. Confira abaixo o elenco completo da minissérie:

  • Candela Peña como Rosario Porto
  • Tristán Ulloa como Alfonso Basterra
  • Iris Whu como Asunta
  • Javier Gutiérrez como o juiz Malvar
  • Carlos Blanco como agente Ríos
  • María León como Cristina Cruces

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