Uma das maiores satisfações dos jornalistas é quando conseguem driblar a superficialidade do dia a dia e mergulhar por trás dos fatos, como fizeram esta semana as repórteres Joice Bacelo, Rosane Felthaus e Sâmia Frantz. Enquanto uma equipe dava visibilidade ao debate motivado pelo ultimato do governo Raimundo Colombo à empresa líder do consórcio responsável pelas obras da Ponte Hercílio Luz, Joice, Rosane e Sâmia tinham a missão de ir além da indignação governamental.

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– Por que a construtora voltou a ser alvo de críticas em 2014?

– Por que a restauração do cartão-postal de Santa Catarina se arrasta há cinco anos?

– Como costumam andar as obras sob responsabilidade da mesma empresa?

– Por que empresas com histórico de queixas continuam vencendo licitações?

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– O que têm feito os órgãos fiscalizadores diante de atrasos semelhantes?

– Quem ganha com essa cultura da lentidão?

É um conjunto de questões que, quando respondidas, cumprem a mais nobre missão do jornalismo: a de iluminar a cena, chegando o mais próximo possível da verdade. Não tem sido fácil cumprir essa tarefa. Num mundo digital onde o que vale é a instantaneidade, onde as redes sociais estão repletas de verdades tão definitivas quanto efêmeras, apostar no jornalismo de profundidade tem sido desafiador. Até porque jornalismo de profundidade, com memória e apuração, é caro e nem sempre costuma receber retorno da audiência.

É muito bom trabalhar em um jornal que aposta no jornalismo e, melhor ainda, liderar uma equipe com disposição e capacidade de ir além do factual, um time que não se conforma em somente registrar o dia a dia. Essa união de objetivos costuma resultar na prestação de serviço, o que acredito está inserido na reportagem especial de Joice, Rosane e Sâmia publicada a partir da página 4 desta edição dominical.

Pode ser que este tipo de esforço jornalístico ajude a evitar que gestores públicos precisem dar ultimatos de tempos em tempos.