A infância passa rápido. Talvez por isso o pequeno Luiz Fernando tenha pressa. Na pista de carrinho de choque do Park Tupã, que depois de cinco edições de ausência retornou à Oktoberfest, ele acelera, manobra, desvia e, claro, bate. O sorriso largo é um farol a brilhar atrás do volante. Até que uma sirene industrial freia a empolgação e avisa que os três minutos se passaram. Aos quatro anos, Luiz Fernando já ensina que não é preciso se lamentar por um tempo que passou. Ele apenas deixa o carrinho ainda eufórico e corre de mãos dadas com os pais para onde quer estar agora: o próximo brinquedo.

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O parque de diversão é um lugar onde a mesma sensação vivida minutos atrás ou décadas passadas pode estar ao alcance de um passeio ou de um ingresso de R$ 7. A liberdade do vento no rosto, o medo de uma queda abrupta, o apertar de mãos na roda-gigante, cheiros, gostos, sons. Essa possibilidade de voltar no tempo como um Martin McFly em uma jornada dominical mexe com a ansiedade de grandes e pequenos. Luiz Fernando precisou esperar quase uma semana até ver de perto as luzes dos brinquedos. Todo dia antes de ir para a cama perguntava quantas noites mais precisaria dormir.

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(Fotos: Patrick Rodrigues)

A espera chegou ao fim na véspera do Dia das Crianças. Ao pai Valmor Rother coube a missão de acompanhar o filho em atrações como o bate-bate – o universo dos carros é uma espécie de irmandade destinada a unir pais e filhos. A mãe acompanhou o pequeno em brinquedos como o Bruco, um debute de montanha-russa, mais inofensivo, mas que combina com o conforto de um abraço maternal.

– Lembro muito bem de quando era criança e ia no parque da minha cidade, isso fica na memória. Quero que ele também tenha essas lembranças boas – conta a mãe Fernanda Gavron, 31 anos.

O parque de diversão é um algodão-doce que o paladar adulto não conseguiu estragar. Uma atmosfera com espaço aberto para todos: da inocência infantil à energia de um grupo de adolescentes. Meninas como Ana Júlia Bianchini, 15 anos, e Sofia Schmitt, 16, que com outras quatro amigas do colégio circularam pelo parque com trajes de frida, aventurando-se em diferentes brinquedos. Enfrentaram os rodopios do Delta, um carrossel mais rápido e que sobe (!), e saíram aos risos. Quando sugeriu aos jovens que envelhecessem, o escritor Nelson Rodrigues não deve tê-los visto em um parque.

(Foto: Patrick Rodrigues)

Espaço para famílias

Embora o movimento do parque na primeira semana da festa não tenha sido dos maiores, as atrações mais radicais, como o Kamikaze e o Evolution (leia mais ao lado) continuam sendo as sensações. Mas os brinquedos clássicos sempre têm vez, porque uma dose de ingenuidade sempre sobrevive às subidas e descidas da vida adulta. O parque tem espaço também para famílias. Como a de Vanduir Barbosa, 42 anos, de Campo Grande (MS), que viu na Oktoberfest um jeito de aproveitar as férias em terras catarinenses indo além das praias. No parque, puderam reviver momentos de infância e proporcionar as mesmas emoções ao filho José Pedro, de 5 anos.

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– O clima de parque é muito gostoso. Infelizmente é algo que a gente já não tem lá em Campo Grande, mas é importante viver isso. E a festa toda é muito bonita, deixa um gostinho de quero mais – afiança o funcionário público.

Alegria do alto da roda-gigante

A nostalgia que habita zoológicos e parques de diversão também faz muita gente ter saudade até do que viveu pouco. Caso de Marcos Bispo Pereira, 34 anos. Na infância, nem sempre pôde esbaldar-se em brinquedos desse tipo, mas sabe o sabor que essas lembranças trazem e hoje aproveita a condição de vida mais favorável para proporcioná-las a quem ama. Esta semana, veio de Luis Alves para uma noite no parque e na festa com a esposa, a filha e a afilhada Tainá, de nove anos, que se encantou com a roda-gigante.

– No começo eu fiquei com medo, mas depois eu adorei. Foi muito alto! – conta a pequena, enquanto estende os braços até onde consegue para tentar alcançar o ponto em que estava segundos antes.

Luiz Fernando, Ana Júlia, Sofia, Tainá. Todos saem dos brinquedos sempre prontos para mais um. Natural. Quem de nós não queria só mais três minutos de inocência e infância no carrossel ou no carrinho de choque?

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Para voltar a ser criança (ou mostrar coragem de gente grande)

Para passear pelo Park Tupã é preciso estar na Oktoberfest. Os brinquedos estão instalados atrás do Ginásio Galegão e o acesso se dá pela passarela que atravessa a Rua Humberto de Campos. O ingresso para cada um custa R$ 7. De segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, é possível comprar um passaporte de R$ 40 que dá acesso livre às atrações, mas à noite e nos fins de semana só há venda de ingressos individuais por brinquedo. Confira os detalhes de cinco atrações que estão entre as mais procuradas no parque. Os brinquedos mais radicais têm altura mínima, mas não máxima.

Crazy Dance

Altura mínima: 1,30m

Duração média: 3 minutos

Descrição: Consiste em bancos suspensos sobre uma plataforma que gira estando apoiada numa plataforma maior que gira em sentido contrário, fazendo com que os bancos girem para lados diversos a todo momento.

Kamikaze

Altura mínima: 1,30m

Duração média: 2 a 3 minutos

Descrição: Espécies de barcas que giram em sistema de pêndulo até alcançar velocidade para voltas de 360°. O período de cabeça para baixo, a uma altura de 18 metros segundo a gerência do parque, é o ponto alto da atração.

Gran Canion

Altura mínima: 1,30m

Duração média: 2 minutos e meio

Descrição: Brinquedo em formato de disco em que as pessoas giram sobre um trilho em forma de arco.

Evolution

Altura mínima: 1,40m

Duração média: 3 minutos

Descrição: 10 blocos com bancos formam um círculo que é levado a 22 metros de altura, segundo a gerência do parque, com giros e outros movimentos.

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Roda-gigante

Altura mínima: não há

Duração média: cinco voltas

Descrição: duas grandes rodas paralelas, em posição vertical, que giram em torno de um eixo comum e sustentam bancos oscilantes.