Tudo começou com o pedido de fotógrafos que queriam uma imagem mais limpa da Jules Rimet. Capitão da Seleção Brasileira no primeiro título mundial em 1958, Bellini ergueu a taça com as duas mãos, acima da cabeça, e acabou por criar o gesto repetido por todos os capitães de seleção que conquistaram a Copa do Mundo desde então.
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– Não pensei em erguer a taça, na verdade não sabia o que fazer com ela. Havia muitos fotógrafos procurando uma posição melhor. Foi então que alguns deles, os mais baixinhos, começaram a gritar: ‘Bellini, levanta a taça, levanta, Bellini!’,já que não estavam conseguindo fotografar. Foi quando eu a ergui – narrou o comandante do primeiro campeonato da Seleção.
Capitão da Seleção campeã em 1958, Bellini morre aos 83 anos
Roberto Alves lembra histórias de Bellini em Santa Catarina
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Homenagem a Bellini ilumina o Maracanã de verde e amarelo
Hideraldo Luís Bellini morreu quinta-feira, aos 83 anos, em decorrência do mal de Alzheimer. Será enterrado nesta sexta em Itapira (SP), cidade onde nasceu e começou a carreira de jogador no Itapirense. A trajetória de Bellini é uma das mais vitoriosas entre brasileiros. Foi multicampeão pelo Vasco entre 1952 e 1961. Depois se transferiu para o São Paulo e pendurou as chuteiras no Atlético-PR, em 1969.
Bellini se foi, mas o gesto será repetido este ano no Maracanã, pela 15ª vez em uma Copa do Mundo.
O gesto do capitão foi seguido pelos campeões seguintes
O líder pioneiro
Faltam 83 dias para a Copa do Mundo. A expectativa para o Mundial só aumenta com a proximidade da competição. É a segunda chance que o Brasil tem de conquistar o título em casa. E a esperança que o país tem para levantar a taça vem do apoio da torcida, que certamente lotará os estádios, dos jogadores, mas, acima de tudo, vem da confi ança de quem carrega cinco estrelas no peito.
No entanto, se não fosse uma certa equipe em 1958, o cenário de hoje, provavelmente, não existiria. A Seleção liderada por Bellini não só conquistou o Mundial da Suécia, como afastou a sina de vira-lata do futebol brasileiro, amenizou a decepção do Maracanaço – a derrota em casa para o Uruguai na final da Copa de 1950 – e pavimentou o caminho para o Brasil conquistar outras quatro Copas do Mundo.
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O time de 58 que ficou na memória da torcida brasileira só começou a existir a partir da terceira partida do Mundial. Após a vitória por 3 a 0 sobre a Áustria e o empate sem gols contra a Inglaterra, o técnico Vicente Feola decidiu mudar a equipe: sacou Dino Sani, Mazzola e Joel e colocou Zito, Garrincha e Pelé.
Mal sabia o técnico que, além da escalação, ele também mudou a história do futebol.

Maracanã foi iluminado com as cores da Seleção em homenagem a Bellini
Arrancada para o título
No último jogo da primeira fase, o Brasil tinha pela frente a temida União Soviética. Mas o rival não conseguiu superar a defesa formada por Bellini e companhia. No ataque, os novos titulares tomaram conta. Resultado: 2 a 0 e classifi cação. Depois disso, o Brasil não parou mais: bateu o País de Gales por 1 a 0 nas quartas, a França por 5 a 2 na semifi nal e os anfi triões por 5 a 2 na decisão.
Do resto todos sabem. Garrincha revolucionou os dribles e carregou a Seleção ao título em 1962 no Chile. Pelé comandou o esquadrão campeão no México em 1970. E assim, em 12 anos, o Brasil passou de decepção a país do futebol. A história sempre reverenciará o Brasil de 1958. E lembrará o choro do menino Pelé, Garrincha entortando os rivais, as folhassecas de Didi… Mas não pode esquecer da defesa que sofreu apenas quatro gols em seis jogos,a melhor da competição.
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Ainda bem que para refrescar a memória existem as imagens eternizadas do capitão Bellini com a taça Jules Rimet erguida.