No início de 2006, fazendo exames de rotina, recebi um diagnóstico totalmente inesperado, porque é óbvio que ninguém espera um resultado assim. Foram exatamente esses exames de rotina que fizeram toda a diferença no meu caso. Eu com câncer? Como isso aconteceu? Câncer de mama? Uma pessoa que tem no sorriso a sua marca, sempre otimista, sempre alegre. Como? Afinal, por mais que eu não tenha realizado meu sonho de infância, que era me formar em jornalismo, e por mais problemas que eu tivesse tido na vida, sempre levei tudo numa boa.

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Mas a realidade estava ali naquele diagnóstico: “carcinoma infiltrante na mama direita”. Fiz cirurgia, quimio, radio e tratamento com Herceptin. Tive o apoio total do meu marido, Claudio Terra, hoje ex, dos meus filhos, da família. Em pleno tratamento recebi o convite de um amigo jornalista para escrever uma coluna no jornal da cidade onde morava. Isso foi fundamental para meu restabelecimento.

Foram mais de cinco anos de tratamento, e há dois estou oficialmente curada. O câncer foi o divisor de águas porque após a doença eu tive a coragem que me faltara na juventude para buscar a realização dos meus sonhos. Mudei para Florianópolis, moro sozinha, sou mestre de cerimônias e conquisto o meu espaço. Prestarei novamente o vestibular este ano na UFSC e não vou desistir do Jornalismo.

Aos 51 anos, estou feliz, cheia de força, cheia de energia. Meus filhos, ambos casados, formaram suas famílias. Tenho dois netinhos, que me fazem ter mais garra, mais vontade. Durante o tratamento me senti como um urso hibernando. Aquele tempo serviu para eu olhar para dentro de mim e projetar o futuro. Sim, futuro, porque existe vida após o câncer. Nunca duvidei disso.

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Silmara Terra