Os problemas da Seleção não se iniciaram quando Neymar caiu com a mão nas costas, atingido pelo joelhaço de Zuñiga. O choque causado pelo incrível placar do atropelamento alemão coloca uma lupa sobre problemas já existentes – alguns deles se arrastam desde muito antes da Copa no Brasil. Zero Hora traz sete razões táticas e técnicas para a eliminação brasileira (tantas quantos os gols da Alemanha).

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Falta de alternativas

Felipão casou-se para sempre com o 4-2-3-1 que lhe deu a Copa das Confederações. Marcação intensa na saída de bola do adversário e as soluções individuais de Neymar para definir os lances eram as armas. Quando a receita parou de funcionar, o máximo que fez foi uma pequena variação tática, com Oscar e Hulk ocupando os flancos para liberar a principal estrela. Não foram treinadas transformações táticas significativas, como uma formação sem um centroavante de ofício. Enquanto isso, a Holanda de Van Gaal navegava sem hesitação entre o 3-5-2, 4-2-3-1, 4-3-3 e 3-4-3.

A transição falha

Do início ao fim da Copa, o Brasil teve dificuldade para sair da defesa para o ataque. Thiago Silva, David Luiz e Luiz Gustavo eram abandonados com a bola nos pés, enquanto o resto da equipe disparava para frente. Não havia alternativas para escapar do chutão direto para o ataque, isso quando a falta de opção não resultava em erros de passe, como no segundo tempo contra o Chile, quando a Seleção foi encurralada pelo adversário em seu próprio campo. Pior: a única tentativa de solução para o problema foi a simples substituição de Paulinho por Fernandinho, sem transformações profundas na mecânica de jogo.

Fracassa o jovem armador

Oscar foi dedicado, obediente e apagado. É jovem, tem apenas 22 anos e foi mal escalado pela direita, uma medida para liberar Neymar de obrigações defensivas. Teve de carregar o fardo de ser o único do grupo com as características de um clássico meia-armador, depois dos repetidos insucessos de Ganso e da opção de não levar o ótimo Philippe Coutinho. Tudo isso minimiza sua responsabilidade, mas não a isenta. A grande atuação na estreia, quando já fora posicionado por ali, prova que poderia ter rendido mais. Era para ser a segunda referência técnica do Brasil. Passou longe disso.

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Geração de coadjuvantes

O jovem time brasileiro não tem jogadores decisivos. Neymar, tão importante na Seleção, é, na melhor das hipóteses, o quarto jogador na hierarquia do Barcelona, atrás de Messi, Xavi e Iniesta. Há boas peças em profusão, como a excelente dupla de zaga, mas em um time que não soube mostrar força coletiva, faltaram talentos extraordinários do nível de Romários, Ronaldos, Rivaldos ou Ronaldinhos.

Técnicos da motivação

É preciso respeitar a vitoriosa trajetória de Luiz Felipe Scolari, mas o engessamento tático de um time com evidentes problemas escancarou a falta de capacidade estratégica do comandante, algo comum no cenário nacional. Os melhores momentos do Brasil foram fruto de sua força anímica, como a combatividade no primeiro tempo contra a Colômbia. Felipão segue sendo um grande motivador, assim como muitos de seus compatriotas, mas valências psicológicas não são as únicas que decidem jogos e campeonatos.

Preparação

A Copa do Mundo é curta demais e cada treino deve ser aproveitado ao máximo. A rotina brasileira tinha dia livre após cada jogo, e treino regenerativo na reapresentação. A Alemanha, algoz na semifinal, folgou uma vez durante todo o caminho até a final. A Holanda, no dia seguinte a 120 minutos de futebol e uma decisão por pênaltis contra a Costa Rica, estava em campo para treinar.

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Mau momento de peças importantes

Em um time sem uma clara mecânica de jogo, sucumbiram, também, bons jogadores. Foi como a crônica de uma morte anunciada. Nomes como Fred, Daniel Alves, Marcelo e Paulinho vinham de más temporadas em suas equipes. Felipão, sempre fiel a comandados que lhe deram algo no passado, demorou a trocá-los. Em casos como o de Fred e Marcelo, manteve-os até o fim.

* Colaborou Leonel Chaves

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