Três dias depois da morte do ciclista da equipe do Avaí Edson Luiz de Rezende, o paratleta que o acompanhava contou à CBN Diário nesta segunda-feira (6) como ocorreu o acidente. Orides Joel de Lima é deficiente visual e desde o ano passado tinha Edinho como condutor e técnico. Para ele, o acidente que ocorreu na última sexta-feira (3) poderia ter sido evitado com bom senso dos motoristas no trânsito.

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Ouça a entrevista:

Os dois treinavam para Circuito Pan Americano de Paraciclismo de Estrada, que deve ocorrer em junho em São Paulo quando Edinho foi atropelado por um caminhão na marginal da BR-101, km 202, região do trevo de Barreiros, em São José e morreu.

Ele era atleta desde 2003, e há 15 anos morava na Grande Florianópolis, quando passou a competir pelo clube. Edinho estava em uma bicicleta de dois lugares (chamada de Tandem).

No ano passado, Orides e Edinho foram campeões brasileiros de Paraciclismo de Estrada. Eles haviam vencido no penúltimo fim de semana, em Brasília, a segunda etapa da Copa Brasil, modalidade tandem, prova que valia pontos para a classificação internacional.

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— O que eu me lembro é que estávamos indo devagar e conversando, o trânsito estava lento. O que eu tenho de última lembrança é ele gritando para nós sermos vistos, o impacto, eu no chão e o barulho de (o caminhão) passando por cima de algo. Instantes depois, vim saber que tinha passado em cima dele e da bicicleta, onde ele entrou em óbito instantâneo. (…) o caminhão esbarrou na gente, derrubou e passou por cima. A lembrança que eu tenho é de ouvir ele gritando para ser ouvido: “Ôoooooo” — contou.

Para Orides, mais do que a falta de espaço para treinar, dificulta a rotina do ciclista a falta de bom senso da sociedade.

— Nós estamos no acostamento, se as pessoas tivessem bom senso quando estão no volante eu acho que já seria uma grande coisa. Hoje, o maior causador de todos os acidentes é a inconsequência do ser humano com o celular. As pessoas não tem bom senso nem noção. Elas poderiam pensar que um parente delas pode estar no meu lugar e do meu amigo que perdeu a vida.

Sobre o futuro no paradesporto, Orides não tem pressa.

— Fisicamente estou bem, não sofri nada, com exceção de pequenos arranhões, mas psicologicamente não tem como dizer que a gente está bem. Além de ele ser o meu piloto, condutor, era meu técnico, um dos meus maiores incentivadores para entrar no paradesporto e era meu amigo. Pra gente nesse momento dizer que decidiu ou resolveu (sobre o futuro) é precoce, psicologicamente estou bastante abalado. Ele deixou um grande legado, não só para mim. Para a categoria foi uma perda indescritível.

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