Tem dado o que falar, especialmente nas redes sociais, a iniciativa da cantora Anitta de incluir entre os seus bailarinos um jovem com Síndrome de Down, num projeto especial. Era uma jogada de marketing? Sem dúvida, ela atraiu a atenção de todo mundo. O que não significa, entretanto, que não seja positivo para dar visibilidade às pessoas SD e mostrar pra todo mundo que elas podem sim, fazer muita coisa (e bem), desde que sejam estimuladas e, principalmente, que alguém lhes dê oportunidade de mostrar suas habilidades.

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O menino bailarino dá show, dança com graça e desenvoltura, ao lado de outros dançarinos sem a síndrome, e também de bailarinos com outras deficiências.. Bacana ver isso, e tomara que não seja apenas um caso isolado. Está mais do que na hora da tão falada inclusão acontecer de fato, em todas as esferas da sociedade. Dias atrás, encontrei uma jovem com Síndrome de Down trabalhando como empacotadora em um supermercado. Eu perguntei se ela gostava do que fazia e ela, mais do que depressa respondeu: “Isso aqui é só o começo. Quero ir longe ainda”. Adorei. Tomara que encontre na sua caminhada pessoas dispostas a apostar em seu potencial. Vontade, pelo jeito, ela tem de sobra.

Lembrei agora da novela da Rede Globo Páginas da Vida, de 2006, que contava a história de uma médica (Regina Duarte) que adotava uma menininha com Síndrome de Down (Joana Mocarzel), chamada Clarinha. Onze anos depois, muitas famílias de crianças SD ainda passam pelos mesmos problemas daquela mãe: têm dificuldade de conseguir uma escola que aceite o seu filho, ficam muito tempo aguardando atendimento especializado (fonoaudiologia e fisioterapia, por exemplo) e ainda precisam conviver com o preconceito e o estigma social. As coisas estão mudando, sim, mas ainda estamos muito longe do ideal.

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De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 96,5% das pessoas ainda têm preconceito com quem apresenta alguma necessidade específica. Há quem confunda, por exemplo, as deficiências intelectuais (Síndrome de Down) com as doenças mentais (esquizofrenias e paranoias), em que o indivíduo tem surtos e ataques. Porém, os indivíduos com Síndrome de Down podem conviver totalmente incluídos na sociedade. Diante disso, entender exatamente o que é a Síndrome de Down é o primeiro passo para desenvolver a empatia e a solidariedade. “Participar da vida de uma pessoa com SD é muito gratificante, pois eles nos ensinam a romper preconceitos e barreiras ensinadas ao longo dos séculos”, diz a médica geneticista Carla Pinto. Concordo plenamente com ela.

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