A inovação no Brasil tem desafios significativos, especialmente em razão de alguns problemas como o exagero na burocracia, de alguns aspectos culturais e o baixo nível de investimentos — sejam públicos, sejam privados.

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Em razão disso, estamos diante de uma situação na qual o mundo dará um grande salto tecnológico e, se quisermos acompanhar os países mais desenvolvidos, precisaremos caminhar ainda mais rápido, pois partimos de uma condição menos avançada em vários setores.

No entanto, nossa capacidade criativa é inquestionável e o campo de crescimento é fabuloso. Além disso, construímos alguns polos de inovação bastante sólidos e promissores, que já apresentam resultados. Confira os detalhes e dados que levantamos para que possa se situar em relação à realidade brasileira.

As conexões entre centros de pesquisa, universidades e o setor privado

A produção de pesquisa cresceu em volume no Brasil — em 1991 publicávamos 0,7% dos artigos científicos mundiais, contra 3% publicados em 2013. Porém, esse crescimento foi interrompido. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico perdeu 60% de recursos em apenas 3 anos, devido à crise recente.

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Além disso, a pesquisa científica não foi tão direcionada para soluções de mercado como poderia. Por isso, ainda temos bastante para evoluir nesse aspecto. Poucas iniciativas contribuem mais para a inovação do que o trabalho conjunto dessas entidades.

De um lado, o meio científico evolui ao ter contato com as empresas e o mercado, pois isso permite uma melhor compreensão sobre como aplicar o seu capital: o conhecimento. Na outra ponta, as empresas potencializam a capacidade de desenvolver soluções melhores ao ter acesso à ciência, a técnicas e metodologias, como as aplicadas em gestão da inovação.

A lei brasileira de inovação

Foi justamente com o objetivo de promover e incentivar a cooperação entre as empresas, o governo e as universidades que foi criada a Lei Brasileira de Inovação, em 2004. A intenção era a de desenvolver soluções tecnológicas para serem ofertadas comercialmente.

Esse primeiro marco legal procurou aumentar a participação das instituições públicas no processo de inovação, estimular essas iniciativas nas empresas, apoiar inventores independentes e gerar fundos específicos, bem como parques tecnológicos e centros onde as partes interessadas poderiam desenvolver iniciativas inovadoras.

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No entanto, ela não foi bem-sucedida na prática como elaborada na teoria. A inovação não é uma ação burocrática de determinação legal, mesmo que seja bem intencionada, pois depende da criação dos mecanismos certos para que funcione.

Essa limitação levou a uma revisão da lei em 2016 e 2018 com o objetivo de viabilizar esses mecanismos e tornar a inovação um processo orgânico no ecossistema empreendedor, especialmente, com o fornecimento de uma maior segurança jurídica.

A revisão inclui regras de envolvimento mais explícitas para as partes interessadas, bem como maior liberdade para que elas cheguem a um acordo sobre participações nos resultados e na propriedade intelectual.

Outras novidades incorporadas nas recentes emendas incluem: a dispensa de licitação pública para atividades de pesquisa e desenvolvimento de até R$ 80 mil; a simplificação de autorização de uso de prédios em projetos de inovação; e a dedução de impostos aplicados em gastos com inovação.

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Os investimentos em inovação

Além da Lei de Inovação, na mesma época houve um aumento nos investimentos do governo em ciência e tecnologia. No entanto, as coisas mudaram consideravelmente. Entre 2011 e 2018 o Brasil caiu 17 posições no Global Innovation Index (GII) publicado pela Cornell University, pela Business School Insead e pela World Intellectual Property Organization.

O novo relatório do GII classifica o país na 64ª posição, com os piores indicadores entre os integrantes do BRIC. Somando gastos públicos e empresariais, o Brasil investe 1,27% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. Ainda temos muito para avançar nesse aspecto.

Não é segredo que um dos maiores desafios econômicos que enfrentamos no momento é o de atrair investimentos, pois a capacidade do governo está limitada em decorrência de problemas fiscais. Ainda assim, os impostos brasileiros chegam a incidir em um terço no caso da venda de ações por investidores, o que desestimula esse tipo de iniciativa.

Nesse aspecto, um reforma no modelo atual seria muito bem-vinda e poderia impactar de forma significativa no mercado de inovação. Ao mesmo tempo em que vivemos essas limitações, o mercado brasileiro é gigante e o poder de consumo interno está limitado. Em outras palavras, há um campo vasto de crescimento e, em razão disso, uma grande expectativa por parte de investidores.

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Os polos de inovação

Vários parques, centros tecnológicos e arranjos setoriais foram criados nos últimos anos. Eles funcionam segundo modelos bem-sucedidos em outras partes do mundo e são bastante ativos. Não são poucas as iniciativas empresariais incubadas ou apoiadas por essas entidades.

Algumas regiões, como no caso de Campinas em São Paulo e Florianópolis em Santa Catarina, sofreram um impacto econômico positivo e significativo em virtude dessas iniciativas.

No caso da cidade paulista, houve uma verdadeira transformação de uma economia essencialmente agrícola para um ecossistema de inovação. Já a ilha catarinense agregou centenas de empresas de tecnologia nas últimas décadas.

Os pontos que precisam ser resolvidos

Comumente ouvimos sobre os entraves que a burocracia traz ao empreendedorismo e esse efeito é ainda maior no caso da inovação. Isso ocorre porque ela segue uma dinâmica mais ativa e necessita da agilidade. A dependência de licenciamentos e autorizações atrasa os processos envolvidos, especialmente no caso de negócios com novos formatos e modelos que não estão previstos na legislação.

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Mas a questão mais importante e um pouco mais complexa de resolver é a qualificação dos profissionais brasileiros. Muitos têm deficiências de formação que trazem dificuldades de efetuar contas simples e de interpretar textos, o que cria uma limitação séria para a inovação, que é diretamente dependente das pessoas. Ao mesmo tempo, gera alta necessidade de inovação no ensino.

Não é que não temos excelentes profissionais, mas o problema se evidencia no momento em que pensamos a inovação em grande escala, o que cria uma demanda alta por profissionais talentosos. Por isso, a disputa por eles tende a ser acirrada.

Além desses fatores, no Brasil temos alguns setores com baixo nível de concorrência e isso afeta diretamente a inovação. Afinal, uma empresa que opera sozinha no mercado não tem a mesma necessidade de mudar e, quando ela tem poder de influência, pode barrar iniciativas inovadoras e disruptivas. Observamos recentemente o exemplo da resistência em relação ao Uber, por exemplo.

Depois de refletir sobre o tema, vamos concluir manifestando que é compreensível que algumas pessoas projetem uma perspectiva pessimista em relação ao futuro da inovação no Brasil.

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No entanto, é de se considerar que, diante de situações mais desfavoráveis, mesmo pequenas melhorias em detalhes como a burocracia tendem a gerar impactos significativos.

Além disso, a busca pela solução desses problemas também é uma oportunidade de inovar, pois nada fica mais evidente do que o fato de que o quadro da inovação no Brasil precisa de soluções novas, criativas e efetivas.

Nesse processo, é determinante entender como as empresas mais visionárias do mundo estão guiando sua inovação.

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