Dá para entender o desânimo de Reinaldo Antonio Baldessin, o Nardela, quando chegou a Joinville para defender o JEC, em 1980. A chuva caía por dias a fio e a umidade tomava conta do ar. O jogador de futebol paulista, acostumado com o clima seco, logo foi acometido por uma gripe que, de tão persistente, ficou por seis meses. Isso para quem deixou o time do coração, o XV de Piracicaba, para integrar um iniciante distante do eixo Rio-São Paulo poderia ser o prenúncio de maus tempos. Só que não foi.

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Mesmo contrariado com a negociação que o deixava fora dos holofotes nacionais, Nardela pisou nos campos catarinenses decidido a cumprir as expectativas depositadas com a nova contratação. Foi peça-chave da vitória no primeiro Catarinense que disputou e dos outros que seguiram. Foram seis estaduais ostentando a taça pelo Tricolor, que naqueles anos vivia o seu primeiro pico de crescimento.

O plano inicial de Nardela era jogar apenas um ano no Joinville. Mas a ligação com a cidade foi crescendo ano a ano de maneira que o jogador percebeu que era aqui onde seu sonho poderia se tornar realidade. O grande desejo nada tinha a ver com o status de ídolo do JEC ou de maior artilheiro da história do clube, posto ocupado por ele durante 20 anos. Ser jogador foi uma consequência.

– Eu queria mesmo era estudar, cursar engenharia civil. Só fui sendo jogador porque tinha talento, daí fui ficando. Se a sina de Nardela era a bola, o jeito era fazer pelo esporte o que poderia fazer por qualquer outra profissão, independentemente de canudo: ter uma boa postura profissional.

Naturalmente, o título de ídolo coube como uma luva para o craque da camisa 8.

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– A minha preocupação não estava apenas voltada para o campo, estava em ser uma referência para jovens, alguém que transmitisse caráter, responsabilidade. Eu fui um bom jogador, mas, acima de tudo, fui um excelente profissional.

Os 12 anos em que defendeu a camisa do JEC transformaram para sempre o modo de viver do paulista. As linhas escritas dentro de campo se misturam à história pessoal de Nardela. De time, Joinville virou sinônimo de lar, e a despedida dos campos não significou adeus à cidade.

Figura fácil de ser encontrada pelas ruas da cidade, principalmente nas imediações da Câmara de Vereadores, onde é atualmente assessor, Nardela nem pensa em se distanciar. Pai de dois joinvilenses e avô de outro, pelo jeito, as raízes da família terão continuidade por muitos anos por aqui.