Soberanos loucos e excêntricos ilustram histórias de terror e graça na linha do tempo das monarquias. Um deles é o vértice do triângulo amoroso reconstituído com grande competência em O Amante da Rainha, representante da Dinamarca na disputa do Oscar de filme estrangeiro em fevereiro. O filme estreia nesta sexta-feira em Porto Alegre.

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Quem aprecia a viagem por palácios, figurinos e costumes que produções de época proporcionam irá admirar a fiel suntuosidade com que esses elementos aparecem em O Amante da Rainha. Mas o longa dirigido por Nikolaj Arcel tem mais a oferecer, sobretudo no trabalho do elenco e no recorte que faz de um momento emblemático das monarquias europeias.

A história se passa entre 1766 e 1775 e é narrada em flashback por uma rainha caída em desgraça: a jovem Caroline Mathilde (Alicia Vikander), inglesa tornada soberana da Dinamarca ao ter sua mão entregue ao rei Christian VII (Mikkel Boe Folsgaard), que, descobre ao conhecê-lo, é louco de atar. Caroline passa a viver em um ambiente de fuxicos e conspirações para tirar o marido do poder – um cenário parecido com o descrito por Shakespeare em Hamlet: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”.

Para monitorar a saúde do surtado rei, é chamado à corte o médico Johann Friedrich Struensee (Madds Mikkelsen), que surge como elemento desestabilizador. Humanista encantado pelos ideais iluministas de Voltaire e Rousseau, o médico conquista o coração da rainha negligenciada e usa sua influência junto ao monarca para promover mudanças políticas e sociais no reino. Essa ingerência e sua defesa da razão sobre a fé para guiar os rumos do país fizeram a traição amorosa ser usada como mero pretexto para perseguir o casal de amantes.

O Amante da Rainha ganhou o prêmio de melhor ator (Folsgaard) e roteiro no Festival de Berlim. Mikkelsen é conhecido por trabalhos como Coco Chanel & Igor Stravinsky e pelo papel de vilão em 007 – Quantum of Solace. Ele ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes por A Caça, ainda inédito em Porto Alegre.

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