O deslocamento da nuvem de gafanhotos pela Argentina, mesmo com possibilidade remota de atingir Santa Catarina, continua sob monitoramento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). As condições meteorológicas previstas para o Estado indicam a chegada de uma frente fria acompanhada de queda de temperatura, o que não favoreceria a vinda dos insetos para o território catarinense.
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Ainda assim, pesquisadores da Epagri aprofundam estudos para conhecer melhor esse fenômeno natural. Leandro Delalibera Geremias, entomólogo da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, conta que desde a década de 1950 tem sido observada uma diminuição da incidência desta praga na Argentina.
No Brasil, foram registrados surtos de gafanhotos de outras espécies em diferentes regiões até o início de 1990, contudo na maioria das vezes de forma esporádica e sem atingir Santa Catarina, segundo Geremias.
Monitoramento
Ao mesmo tempo em que aprofunda conhecimentos sobre a praga, a Epagri acompanha o deslocamento da nuvem na Argentina. A evolução da praga no país vizinho vem sendo registrada pelo Serviço Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (Senasa), órgão ligado ao governo federal. É a partir dessa instituição que as autoridades catarinenses se atualizam sobre o tema.
Kleber Trabaquini, pesquisador do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), explica que o Senasa criou um banco de dados alimentado por avistamentos in loco, ou seja, a pessoa informa ao órgão onde viu a nuvem e aquela informação é inserida em um mapa com as coordenadas geográficas.
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Isso tem sido feito desde 1° de maio, quando se iniciaram os registros. A velocidade média de deslocamento da nuvem é de 100 quilômetros por dia, mas isso pode variar, influenciado principalmente pelo vento.
Segundo o pesquisador da Epagri/Ciram, tecnologias de mapeamento remoto, como radares e imagens de satélite, por exemplo, ainda não conseguiram superar a eficácia dos informes por avistamentos.
Insetos devem chegar ao Uruguai
Os pesquisadores da Epagri conseguiram demonstrar, de forma simulada, a trajetória que os gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata poderão percorrer durante os próximos três dias. Os gafanhotos estão agrupados em nuvem no território da Argentina e, de acordo com os cálculos dos profissionais da Epagri, devem seguir para o Uruguai nos próximos dias.
No mapa desenvolvido pelos pesquisadores, a nuvem de insetos possui uma tendência de adentrar ao território uruguaio nos próximos dias. Dependendo da altura de voo do gafanhoto, que pode variar entre 50, 100 ou 200 metros neste período do ano, a nuvem poderá alcançar 250 km (traçado verde), 300 km (traçado amarelo) ou 450 km (traçado vermelho), respectivamente.
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