O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa voltou a rechaçar nesta terça-feira, em São Paulo, a possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Alegando “não pertencer ao mundo da política” e não saber “nem por onde começar”, o ex-ministro, que ganhou popularidade durante o julgamento do mensalão, disse que seria “trucidado” por seus adversários em uma eventual disputa.
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– Acho que eu seria trucidado pelos eventuais concorrentes porque uma pessoa como eu, que fala o que pensa, que é livre por natureza, não se adapta a esse mundo. Eles se uniriam todos para me tirar do jogo, eu sou muito realista. Eu nem cogito – disse Barbosa.
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Reforma Política
O ministro disse acreditar que a reforma política que está sendo discutida pela Câmara é preliminar e ainda pode sofrer “uma boa limpeza” no Senado.
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– Provavelmente o Senado vai fazer uma boa limpeza. O Senado é composto de pessoas mais experientes, é um número menor (de membros), são ex-governadores, pessoas de larga experiência – disse Barbosa.
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Segundo Barbosa, “a Câmara está em ebulição, votando aos tropeços”.
– Alguma coisa pode ser corrigida ainda na Câmara, mas o Senado poderá corrigir ainda muita coisa. O Senado foi feito para isso – argumentou.
STF
Ao deixar o salão onde proferiu palestra sobre combate à corrupção na zona sul de São Paulo, Joaquim Barbosa se recusou a responder sobre o processo de escolha de seu sucessor, Luiz Edson Fachin – que toma posse nesta terça, mais de dez meses depois da aposentadoria de Barbosa.
– Sobre o Supremo eu não tenho nada a dizer. Eu estou fora, meu amigo – disse à Agência Estado.
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Corrupção
Sem citar nomes, Joaquim Barbosa disse que “é evidente que pessoas envolvidas, especialmente aquelas do mundo político, tentam criar obstáculos à ação” de instituições como o Ministério Público, a Justiça e a Polícia Federal.
– Se nota uma certa ambiguidade. O governo deveria se abster completamente disso. As autoridades de alto nível do governo deveriam adotar uma postura de total equidistância em relação às apurações, já que há pessoas do círculo do poder que estão sendo investigadas. Mas acredito que a Justiça dará conta de seu trabalho.
O ex-ministro vê avanços no combate mundial à corrupção, com maior acesso de autoridades a dados ao redor do mundo.
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Ao comentar a nova lei anticorrupção, o ex-ministro do STF afirmou que o governo “emite sinais contraditórios que lançam dúvidas sobre sua real intenção em combater” a prática.
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Lava-Jato
Joaquim Barbosa disse que é “totalmente favorável à preservação das empresas” envolvidas na Operação Lava-Jato. Como solução para os prejuízos acumulados por elas depois que o escândalo foi descoberto, Barbosa sugeriu que “o próprio capitalismo” resolva o problema.
– Empresas que estão encrencadas em atos de corrupção, com certeza deve haver inúmeras empresas loucas para comprá-las, para incorporá-las – disse o ex-ministro.
O ex-presidente do STF deu as declarações durante palestra sobre corrupção empresarial em evento de associação de shoppings centers.
*Estadão Conteúdo