— Nunca imaginei presenciar um momento desses — disse a catarinense Fernanda Bornhausen ao presenciar a fumaça que saía das torres da Catedral de Notre-Dame, em Paris.

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O momento foi captado pela psicóloga e empresária por meio da câmera do celular, uma das centenas apontadas para as torres, enquanto a multidão acompanhava incrédula o incêndio que destruiu parte da Notre-Dame, um dos pontos turísticos mais visitados da capital francesa.

— Fiquei sabendo (do incêndio) por meio da internet, no hotel onde estou hospedada. Vimos a fumaça e todo o agito que se formou na cidade — conta.

Fernanda nasceu em Blumenau, mas mora em Florianópolis e está em Paris desde o dia 3 de abril, passeando com o pai, o filho e uma amiga. No momento em que o fogo começou, por volta das 19h (horário local), ela estava à beira do Rio Sena, mas chegou à Catedral cerca de duas horas depois.

— Houve bastante correria. Quando nós chegamos, a polícia já tinha cercado todas as ruas, então não dava para chegar muito próximo. Mas era uma multidão em volta — recorda.

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A psicóloga conta que já visitou várias vezes a Notre-Dame, sendo a primeira delas em 1978, em sua primeira viagem a Paris.

— É um ícone histórico. Tudo é lindo, mas ver a catedral durante um passeio de barco no Sena no pôr do sol com minha família em 2006 foi algo que ficou gravado na minha memória para sempre — contou.

Enquanto as chamas se alastravam pela parte superior da estrutura, o clima na cidade era de comoção total, segundo Fernanda. Turistas e moradores estavam em choque com a notícia do incêndio.

— Fui com minha amiga Maria Inês ver de perto e lá vimos uma multidão abalada nas ruas próximas. As pessoas cantando e rezando em voz alta continuamente aos pés da catedral enquanto ela queimava. Nunca imaginei estar em uma cena como essa — confidenciou.

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Jornais locais discutem atuação dos bombeiros

Não há muitas especulações sobre a causa do incêndio considerado, até o momento, como acidental. Fernanda relata que os jornais locais têm debatido, entretanto, é o modo como os bombeiros atuaram para conter as chamas.

— Li quatro jornais locais hoje. Não há suspeita de incêndio criminoso. A polêmica está em torno de como os bombeiros atacaram o fogo, se deviam ter preservado mais o interior da Catedral ou o exterior — diz a catarinense.

(Foto: Fernanda Bornhausen)

Incêndio na Notre-Dame durou cerca de 15 horas

As chamas demoraram aproximadamente 15 horas para serem contidas. O fogo teria iniciado na parte superior da catedral, por volta das 19h des segunda-feira (15), no horário local — 13h50min no horário de Brasília.

Na manhã desta terça (16), bombeiros de Paris anunciaram que o fogo foi controlado durante a madrugada, segundo informações da agênia AFP.

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Ainda de acordo com a AFP, os bombeiros afirmam que o incêndio está "potencialmente ligado" às obras e uma investigação judicial por "destruição involuntária" foi aberta. A hipótese mais provável até o momento é de que o incêndio tenha sido acidental.

Catedral recebe 30 mil visitantes por dia

Com mais de 800 anos de história, a Catedral recebe cerca de 30 mil visitantes por dia e aproximadamente 13 milhões por ano. No local, ocorrem mais de 2 mil celebrações ao ano. Por dia, são realizadas cinco missas e, aos domingos, são sete celebrações.

— O fogo está completamente controlado. Restam alguns focos residuais para apagar. Todo o telhado está sinistrado, toda a armação foi destruída, parte da abóbada caiu e a agulha já não existe mais — disse Gabriel Plus, porta-voz dos bombeiros de Paris.

Secretário de Estado Francês do Interior, Laurent Nuñez frisa que a questão agora é "saber como vai resistir a estrutura".

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Após o incêndio, o presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou a perda e anunciou a criação de um fundo para reconstrução da catedral.

— Vamos reconstruir Notre-Dame, porque é o que os franceses esperam, é o que a nossa história merece, é o que nosso destino pede — afirmou Macron.

França
(Foto: AFP)