Em 2015, o número de refugiados e deslocados que foram obrigados a deixar as suas casas ou os seus países em consequência de guerras ou como vítimas de perseguições chegou a 65,3 milhões, conforme o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). O cenário é tratado como um recorde pela agência da ONU.

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No ano passado, na comparação com 2014, a alta foi de 9,7%. Desde 2011, quando a guerra na Síria começou, o número aumenta ano após ano.

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Esta é a primeira vez que a quantidade de deslocados supera 60 milhões de pessoas, contingente que equivale à população do Reino Unido. O alto comissário para os refugiados, Filippo Grandi, que assumiu o cargo no início de 2016, destacou que “os fatores de ameaça se multiplicaram”.

— Vivemos em um mundo desigual. Há guerras, conflitos, e é inevitável que as pessoas queiram seguir para um local mais seguro — disse Grandi, durante a apresentação do relatório, em Genebra, na Suíça.

O documento foi publicado nesta segunda-feira, o Dia Mundial do Refugiado. Jan Egeland, secretário-geral da ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC), que ajudou na elaboração do levantamento, afirmou que os migrantes “são vítimas de uma paralisação geral” dos governos em todo o mundo, que “renunciam a suas responsabilidades”.

Barco de migrantes naufragou na costa líbia em maio
Barco de migrantes naufragou na costa líbia em maio (Foto: STR / AFP)

De acordo com Grandi, as crises que empurram os deslocados para o exílio são as mesmas em sua maioria, ano após ano, com a Síria com o principal conflito no mundo. No entanto, em 2015, surgiram novas situações de emergência, do Burundi ao Sudão do Sul e o Afeganistão. Grandi também indicou que atualmente os afegãos são o segundo grupo de refugiados mais numerosos em todo o planeta, atrás apenas dos sírios, que somam quase 5 milhões de pessoas.

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O número geral da pesquisa representa uma forte alta na comparação com 2014, quando 59,5 milhões de pessoas se viram obrigadas a abandonar suas casas no mundo. O número de refugiados subiu para 21,3 milhões, e a quantidade de deslocados que migraram dentro das fronteiras de seus próprios países chegou a 40,8 milhões. Os demais são 3,2 milhões de demandantes de asilo nos países ricos.

Segundo o Acnur, “um em cada 113 seres humanos no mundo hoje está desarraigado, é demandante de asilo, deslocado interno ou refugiado”. Das 65,3 milhões de pessoas, 16,1 milhões dependem do Acnur, “o maior número em 20 anos”. Os demais são 5,2 milhões de refugiados palestinos.

África, principal destino

Em 2015, mais da metade dos novos refugiados, equivalentes a 1 milhão de pessoas, procedia da Síria. No final do ano passado, 55% dos 16,1 milhões que dependem do Acnur estavam na Europa ou na África Subsaariana.

No total, apenas na África há 4,41 milhões de refugiados, um aumento de 20%, procedentes principalmente da Somália, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e República Centro-Africana.

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A Europa é o segundo continente que recebe pessoas nessas condições, com 4,39 milhões, o que representa um aumento de 43%. Além disso, o levantamento aponta que a Turquia é o país que recebe mais refugiados, com 2,5 milhões de pessoas, seguida por Paquistão, com 1,6 milhão, e Líbano, com 1,1 milhão.

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