A quantidade cada vez maior de carros nas ruas é um dos fatores não só dos problemas como os congestionamentos como também de outro problema crônico: as mortes nas estradas. Histórias como a do morador de Apiúna, Marciel Policarpo, terminam com sonhos interrompidos em ruas e rodovias. Marciel trabalhava em uma empresa têxtil à tarde e, pela manhã, fazia serviços de reparos em antenas parabólicas e de televisão. Em 28 de fevereiro deste ano, ele completava 24 anos, mas em vez de festa, saiu de casa cedo para atender um cliente. No Km 67 da BR-470, em Indaial, o trânsito parou. Um ônibus que seguia atrás do carro dele não conseguiu frear a tempo e o carro de Marciel acabou sendo prensado no caminhão carregado com madeiras que seguia à frente dele. Morreu no dia do próprio aniversário.
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Sete meses depois, o irmão de Marcial, Marcelo, conta que o que ainda dói na família é saber que a perda do mais novo de três irmãos ocorreu pelo que ele define como imprudência ou desatenção de quem vinha atrás. Ele também critica as lombadas eletrônicas que neste trecho de Indaial resultam em filas em parte do dia e, segundo ele, contribuem com acidentes como o que vitimou Marciel.
– A rodovia está ruim, a duplicação ajudaria muito a reduzir esses acidentes mais graves, mas por enquanto o máximo que a gente consegue pedir é que as pessoas dirijam com mais atenção, sem essa pressa do dia a dia – adverte Marcelo.
Nas ruas dentro do município, que formam o trânsito urbano de Blumenau, a cidade viu o número de mortes diminuir de 41 em 2014 para 21 em 2016. No ano passado, porém, houve um leve aumento, com 25 óbitos, e neste ano o total de vítimas fatais já soma 17, uma a mais que o mesmo período do último ano.
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Mas se na cidade o número parece mais próximo de estabilizar em um patamar menor, nas rodovias a violência no trânsito ainda faz muitas vítimas. Exemplo mais clássico é o da BR-470, onde 72 pessoas já perderam a vida este ano, a exemplo de Marciel. O número já é quase igual ao do ano passado inteiro, quando houve 74 vítimas fatais, e 38% a mais do que o registrado até esta data do ano passado, quando o número era de 52 óbitos.
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Para o policial rodoviário e especialista em Segurança no Trânsito Emerson Andrade, na rodovia federal o principal problema ainda é a duplicação, que deteriora a sinalização e torna o trecho mais perigoso para quem trafega. Para ele, os principais freios para a morte nas estradas é formado por manutenção das estradas, educação para o trânsito e fiscalização.
– Este último é um remédio amargo, mas que deve ser mantido. Nossa cultura ainda está relacionada à fiscalização, é ela que faz com que se mude comportamentos. Quando se diminui a fiscalização, o resultado não é outro se não a manutenção ou aumento de acidentes e mortes nas rodovias – avalia o especialista, que propõe a solidariedade e a gentileza no trânsito como a principal reflexão desta Semana Nacional do Trânsito.
Para construir um trânsito mais seguro, o especialista em Trânsito Fábio Campos também sugere a instalação de placas educativas dentro da cidade, que reforcem os riscos a que o motorista está sujeito ao volante.
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– Poderíamos compartilhar mais mensagens falando sobre responsabilidade no trânsito. Todo mundo precisa de um trânsito melhor. Quanto mais falarmos e tivermos acesso a informação, melhor para todos – pontua.
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