O número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Santa Catarina aumentou 605% nos primeiros quatro meses de 2020, e o registro de internações hospitalares de pacientes com a complicação cresceu 552%. A SRAG é uma doença respiratória grave que exige internação e é provocada por vírus gripais como o influenza e também pelo novo coronavírus.

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Segundo dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), 141 pessoas morreram com a síndrome este ano no Estado até abril. No mesmo período de 2019, foram 20 óbitos. Já as internações pela complicação passaram de 247 no ano passado para 1.611 em 2020.

Os números constam nos boletins divulgados pela Dive-SC sobre o influenza nas 17 primeiras semanas epidemiológicas de 2019 e de 2020.

O aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em Santa Catarina durante a pandemia de coronavírus acompanha uma realidade vista em todo o Brasil. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que o país registra um crescimento expressivo de internações por SRAG em 2020 em comparação com a média dos últimos 10 anos, e afirma que isso pode indicar uma subnotificação dos casos da Covid-19.

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Os cientistas da fundação citam que o aumento das internações fora de época, o número maior de idosos afetados e o percentual muito alto de testes negativos para outras gripes são os fatores que indicam o coronavírus como o principal responsável pelo crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave no país.

A reportagem do DC questionou a Secretaria de Saúde de Santa Catarina (SES) sobre a possibilidade do aumento de casos de internação e de mortes por SRAG no Estado estar relacionado ao coronavírus e também se isso pode indicar subnotificação da Covid-19.

Santa Catarina soma 1.170 casos confirmados de coronavírus e 42 mortes, conforme a última atualização do governo, feita na noite desta quinta-feira.

Por meio da secretaria de comunicação (Secom), o Governo do Estado afirmou que a pandemia de coronavírus colaborou para que houvesse um aumento de pacientes internados com SRAG, sem responder especificamente sobre a possibilidade de subnotificação.

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O governo também indicou que uma maior procura dos pacientes pelos serviços hospitalares e uma maior sensibilização dos profissionais de saúde para notificação dos casos são fatores que podem explicar o crescimento.

Especificamente sobre as mortes, o Governo de Santa Catarina afirmou que todas as mortes por SRAG foram testadas para Covid-19, e que as que foram confirmadas estão incluídas no relatório como óbitos por “outros vírus respiratórios”, mas não especificou o número.

No boletim da Dive-SC sobre as mortes por SRAG neste ano, consta que 108 tiveram resultado negativo para os vírus influenza e foram classificadas como “SRAG não especificada”, e 19 constam como “SRAG por outros vírus respiratórios”. Dois dos 141 óbitos foram confirmados para influenza. Outros 12 óbitos, que já foram testados e descartados para Covid-19, estão em investigação.

Já entre o total de pacientes internados, ainda conforme o boletim da Dive-SC, 728 foram considerados “SRAG não especificada”, 203 por outros vírus respiratórios e 641 ainda se encontram em investigação, mas já foram testados e descartados para Covid-19. Confirmados com influenza foram 37. Outros dois foram provocados por "outros agentes etiológicos", conforme a Dive-SC.

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