Após o incêndio às margens da BR-470 que levou mais de cinco horas para ser controlado terça-feira, novos focos apareceram ao longo da rodovia no dia seguinte. Foram pelo menos três registros no trecho entre Navegantes e Ilhota.

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A situação é atípica para esta época do ano – o aumento de queimadas é mais comum no inverno – e é resultado da onda de calor e estiagem que atingem todo o Estado. Desde o começou do ano, a região registrou 107 incêndios florestais. O número corresponde a 60% do total das ocorrências atendidas no ano passado inteiro: 177.

Conforme o Tenente Coronel Sérgio Murilo Mello, comandante do 7º Batalhão de Bombeiros Militar de Itajaí, é preciso redobrar os cuidados com a estiagem, uma das principais causas das queimadas neste ano.

– A vegetação está muito seca e qualquer fagulha pode provocar um incêndio de grandes proporções. Pedimos que a população se conscientize e auxilie o Corpo de Bombeiros a tomar conhecimento rapidamente de qualquer foco de incêndio através do telefone 193 – afirma.

O comandante Mello também alerta que o incêndio, mesmo pequeno, pode alcançar maiores proporções se não for controlado. Como é o caso das queimadas feitas em entulhos, terrenos baldios ou as chamadas queimadas controladas, geralmente feitas de forma ilegal para limpar a vegetação. Além disso, os focos ocorrem em locais de difícil acesso, sendo necessário um esforço extra dos bombeiros.

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O segundo tenente e chefe da seção de Atividade Técnica do Corpo de Bombeiros de Itajaí, Leandro Flores Emmanuelli, também confirma que a seca aumenta o número de incêndios em vegetação ou terrenos baldios.

– Percebemos que a maioria dos casos ocorre por ação humana, seja direta ou indireta, como é o caso das bitucas de cigarro. As pessoas fazem queimadas para limpar um terreno ou área às margens da rodovia e, com o vento, o fogo acaba fugindo do controle – destaca.

Para o comandante do pelotão do Corpo de Bombeiros de Balneário Camboriú, Daniel Dutra, o último mês tem sido um período anormal, com cidades, a exemplo de Porto Belo, registrando mais incêndios do que no ano passado inteiro.

– A falta de chuva acaba secando a vegetação e qualquer fagulha pode se tornar um incêndio florestal de grandes proporções. Estamos mobilizando as equipes próximas dos focos quando somos chamados e, se necessitar de reforços, outros bombeiros são enviados.

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Perda da vegetação provoca erosão do solo perto de encostas

O fogo não causa apenas danos à vegetação. Apesar de pequenos, os focos podem gerar diversos prejuízos à natureza. De acordo com a engenheira florestal Rosemeri Carvalho Marenzi, entre as consequências estão a redução da vegetação, perda da atividade de micro-organismos no solo, além de espantar a fauna, quando ela não é afetada também.

– Além disso, com a perda da cobertura vegetal pode ocorrer maior erosão do solo em locais próximos a cursos d’água ou encostas. Pode haver ainda uma interferência a nível de regulação do microclima, prejudicando a formação de chuvas e proporcionando uma sensação maior de calor – explica a engenheira.

Rosemeri afirma que a falta de chuva e o calor intenso fazem com que a folhagem fique seca e mais propícia a combustão, que pode ocorrer de forma natural ou ser intensificada pela atividade humana.

– As bitucas de cigarro jogadas pelas pessoas nas margens das estradas, por exemplo, favorecem a ocorrência de incêndios – ressalta.

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Como evitar

? Apagar bitucas de cigarro e jogá-las em locais adequados

? Não soltar balões

? Não fazer fogueiras

? Não fazer queimadas para renovar o solo ou limpar a área

? Não queimar lixo ou entulho, pois a fagulha pode se alastrar para as vegetações