O número de furtos e roubos de veículos em Santa Catarina teve queda de 14% no último ano em comparação com 2016. Foram 2.665 casos a menos no período. Como resposta às 16.059 ocorrências registradas, as polícias conseguiram apreender 10.589 veículos levados, uma média de 65,9% de recuperação. As estatísticas foram divulgadas pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).

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Dentro da unidade há a Divisão de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), cujo trabalho recuperou 397 carros, caminhões, motocicletas e outros. O número é 41% maior do que de 2016. A justificativa para queda em ocorrências e aumento em apreensões, explica o delegado da DFRV, Rodrigo Bortolini, está na atuação conjunta das forças de segurança:

– A integração fez com que os números melhorassem. A recuperação mantém patamar tradicional há cinco anos em SC.

Grande parte dos veículos levados por bandidos é destinada a dois caminhos: clonagem e desmanche. Pelo primeiro, criminosos se utilizam dos carros para cometer outros crimes, como transporte de drogas vindas do Paraguai. Em Santa Catarina, os mais visados são os populares e as caminhonetes a diesel.

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Morador de Florianópolis, Guilherme Niquel, 28 anos, esteve entre os assaltados em 2017, mas não conseguiu ter o carro recuperado. O jovem foi roubado na madrugada de 26 de outubro no estacionamento de uma lanchonete da Beira-Mar Norte. Ele e mais quatro amigos chegaram no local e foram abordados ao descer do carro. Dois bandidos levaram o veículo, dinheiro e o celular da vítima. O seguro o ajudou a minimizar o dano, mas a sensação de insegurança ficou:

– A dor de cabeça com isso tudo é o mais chato, é uma sensação de impotência.

Especialistas analisam os resultados apresentados

Além da melhor comunicação entre as polícias e órgãos como o Ministério Público, especialistas apontam outros aspectos para explicar os resultados apresentados pela Deic. O mestre em Ciência Jurídica e professor de Processo Penal na Univali, Juliano Keller do Valle, considera as atividades de inteligência fundamentais para esses resultados.

– Há incremento nas atividades de inteligência. Elas são necessárias para se chegar à autoria do crime – afirma.

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Para o professor, a redução de 14% no número de roubos e furtos a veículos é significativa, principalmente diante da situação geral de sucateamento e baixo efetivo das forças de segurança no país.

Especialista em criminologia e professor da Univali, Alceu de Oliveira Pinto Junior aponta fatores além da ação policial:

– Como a clonagem de veículos se tornou comum, o criminoso deixou de roubar mais carros e passou a se utilizar somente de um que pode ter a placa alterada diversas vezes.

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Outro ponto que pode ter interferido, opina o professor, é que, como as organizações criminosas estão na disputa por espaços no Estado, os bandidos passaram a focar no tráfico de drogas – principal fonte de renda – e deixaram outros crimes em segundo plano.

* Colaborou Victor Pereira

Deic cria núcleo para investigar roubos de cargas em SC

O crescimento no número de roubos de cargas no Brasil atinge também Santa Catarina. Entre 2008 e 2016, os casos subiram 274%, segundo dados da Federação das Empresas de Carga e Logística do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc). Até a metade do ano passado, uma carga era roubada a cada dois dias nas estradas catarinenses. Isso fez com que entidades ligadas ao setor se mobilizassem para pedir maior apoio das polícias no combate desse tipo de crime.

Em 2017, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) desarticulou uma organização criminosa que agia no três Estados do Sul, desviando cargas de grãos. Dez pessoas foram condenadas a penas que, somadas, ultrapassam os 200 anos de prisão.Por isso, até o final deste mês a Deic criará um divisão especializada nas investigações de roubos de cargas. O núcleo será comandado pelo delegado Raphael Werling e terá quatro agentes e um escrivão.

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— Há um anseio grande da sociedade, principalmente da Fetrancesc. Então, vamos criar ainda neste mês essa divisão — explica o diretor da Deic, Adriano Bini.

O presidente da federação, Ari Rabaiolli, comemora a iniciativa do Estado depois de uma série de ações feitas pela entidade. Entre elas está também a aprovação de um projeto na Assembleia Legislativa para a suspensão da inscrição estadual dos receptadores de cargas roubadas.

— O prejuízo é muito grande. Apesar da carga ter seguro, diante de cada caso tem um agravamento da apólice do seguro. Além disso, temos o trauma que causa no motorista abordado pelos criminosos — afirma Rabaiolli.

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VEÍCULOS RECUPERADOS EM SC

2016: 78 prisões, 280 veículos recuperados, totalizando R$ 9,7 milhões.

2017: 98 prisões, 397 veículos recuperados, totalizando R$ 12,3 milhões.

FURTOS E ROUBOS EM SC

2017: 3.714 roubos, 12.345 furtos, totalizando 16.059 ocorrências e 10.589 recuperações.

2016: 4.001 roubos, 14.723 furtos, totalizando 18.724 ocorrências e 12.053 recuperações.

2015: 3.738 roubos, 14.450 furtos, totalizando 18.188 ocorrências e 11.616 recuperação.

FURTOS E ROUBOS EM FLORIANÓPOLIS

2017: 439 roubos, 934 furtos e 1.162 recuperações.

2016: 430 roubos, 896 furtos e 1.178 recuperações.

2015: 436 roubos, 684 furtos e 1.032 recuperações.

(Fonte: Deic)