O total de famílias joinvilenses endividadas caiu 6,4 pontos percentuais nos últimos 12 meses, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), da Fecomércio/SC. Hoje, são 44% os consumidores de Joinville que estão inadimplentes, número elevado, mas sensivelmente menor que os 50,4% registrados em dezembro passado. A quantidade de pessoas com contas em atraso também baixou, de 21,1% para 18,9%, no comparativo entre o último mês de cada ano.

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O resultado segue, em maior grau, uma tendência registrada também em âmbito estadual do nível da saúde financeira dos catarinenses. No período houve retração de 1,6 p.p no número de famílias no Estado em situação de inadimplência, passando de 59% em dezembro de 2016 para 57,4% atualmente. No entanto, o conjunto de consumidores com contas atrasadas aumentou de 21,1% para 21,6%, em Santa Catarina.

Quando considerado o mês passado, a tendência de queda continua mantida no número de inadimplentes na região. Em novembro, Joinville mantinha 47,9% em situação de inadimplência e 19,5% com contas vencidas por mais de um dia útil. No Estado esse total era de 58,2% e 21% nos dois indicadores.

A leve melhora na qualidade do endividamento das famílias, tanto em Joinville quanto no Estado, reflete ainda no índice que considera aqueles que não terão como pagar as dívidas no próximo mês. No município, o percentual de potenciais futuros inadimplentes caiu de 14% há um ano para 11,2% agora. Entre os municípios catarinenses, a variação do indicador foi menor: 11,9% para os atuais 10,9%.

Segundo Luciano Córdova, economista da Fecomércio/SC, os dados são reflexos de uma melhora no nível de renda das famílias e na retomada, ainda que contida, dos empregos.

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— Isso impacta diretamente na queda do número de famílias com contas em atraso devido ao poder de compra e de quitação das dívidas. Porém, o total de 18,9% das famílias com contas em atraso ainda é elevado se comparado com 2013 e 2014, antes do auge da crise econômica, em que esse índice girava em torno de 11% a 12% — pondera.

A avaliação é parecida com a da economista Jani Floriano, da Universidade da Região de Joinville (Univille). Conforme ela, os dois fatores principais para a queda no número de inadimplentes são a redução do nível de consumo das famílias, provocado pelo desemprego, e a política de redução de dívidas com o cartão de crédito implantadas pelo governo federal.

— Com o desemprego em alta se consome menos e consequentemente se contrai menos dívidas, esse é o principal fator. Outro reflexo é a mudança no rotativo do cartão de crédito, que com mais de 30 dias de atraso, os bancos são obrigados a oferecerem linhas de crédito mais baratas, trocando uma dívida mais cara por outra mais barata e possível de pagar. Isso reduz o grau de inadimplência — aponta.

Os vilões

O cartão de crédito é o vilão das contas, em Joinville, de acordo com o Peic. Ele é apontado por 52,4% dos consumidores como o principal agente dos endividamentos na cidade. Na sequência entre as modalidades em que as famílias declaram ter dívidas aparecem os carnês (43,2%) e o financiamento de veículos (40,3%).

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Os tipos de dívidas mais frequentes seguem a mesma ordem verificada há um ano, quando o cartão de crédito foi citado por 48,1% dos entrevistados na cidade. Os carnês e o financiamento de carro foram, respectivamente, elencados por 46,3% e 37,6% na ocasião.

De um dezembro ao outro, a parcela da renda das famílias joinvilenses destinada a honrar dívidas também variou e de forma negativa no município. Enquanto no ano passado os habitantes tinham, em média, 29,4% de renda comprometida com os débitos acumulados, hoje o índice corresponde a 31,2% do salário. A taxa demonstra ainda crescimento de 1% para 5,1% a quantidade de consumidores em que o compromisso com dívidas é maior que a metade da renda familiar.

Tempo para quitação de contas em atraso aumenta

Outro indicador aponta crescimento no tempo que as famílias permanecem com contas em atraso, que, no período, passou de 63,5 dias para 67,2 dias. Dentre os endividados o período de comprometimento com dívidas também é maior, elevando de 9,8 para 10,1 meses.

— Quanto ao tempo médio para o pagamento das contas em atraso, de pouco mais de dois meses, ainda é um número considerado estável e não gera risco de descontrole para quitá-las. Quando esse tempo supera os 90 dias, o índice começa a preocupar — salienta Luciano Córdova, da Fecomércio.

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Para a economista Jani Floriano, com a retomada dos empregos na cidade é natural que haja aumento no poder de compra e consumo, refletindo, por exemplo, no comércio, que oferece opções de parcelamento dos produtos. Em contrapartida, destaca que é preciso considerar essa retomada também como alerta.

— Para as pessoas que retomaram o poder de consumo, é importante manter o controle dos gastos, uma vez que, havendo descontrole, o consumidor pode voltar a inflar a lista de inadimplentes — demonstra.

OS NÚMEROS (%)

Percentual de famílias endividadas

JOINVILLE

Situação das famílias / meses considerados

Endividadas: dez 2016: 50,4% / nov 2017: 47,9% / dez 2017: 44%.

Dívidas ou contas em atraso: dez 2016: 21,1% / nov 2017: 19,5% / dez 2017: 18,9%.

Não terão condições de pagar/potenciais inadimplentes: dez 2016: 14% / nov 2017: 12,7% / dez 2017: 11,2%.

SANTA CATARINA

Situação das famílias / meses considerados

Endividadas: dez 2016: 59,0% / nov 2017: 58,2% / dez 2017: 57,4%.

Dívidas ou contas em atraso: dez 2016: 21,1% / nov 2017: 21,0% / dez 2017: 21,6%.

Não terão condições de pagar/potenciais inadimplentes: dez 2016: 11,9% / nov 2017: 11,6% / dez 2017: 10,9%.

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FONTE: Fecomércio/SC