O número de famílias catarinenses endividadas recuou em agosto, fixando-se em 84%. No mesmo mês de 2011, a parcela de endividados era de 90%, enquanto em julho de 2012 este número foi de 85,9%. São consideradas endividadas as pessoas com alguma compra parcelada, mas não necessariamente em atraso.

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Já o número de consumidores inadimplentes – isto é, com contas em atraso – apresentou aumento na virada do mês: passou de 16% das famílias em julho para 21,7% em agosto.

Estes dados foram apurados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em parceria com a Fecomércio SC, e compõem a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (PEIC).

Para a Fecomércio, o aumento de renda das famílias, a queda da taxa de desemprego, manutenção da estabilidade de preços e a redução das taxas de juros estão permitindo às famílias que regularizem parte do seu endividamento, reduzindo assim a sua vulnerabilidade orçamentária. Em relação à inadimplência, apesar do ligeiro aumento mensal, a queda anual ajuda a sustentar o processo geral de melhor estabilidade da estrutura de dívidas familiares.

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Deste modo, a Fecomércio acredita que o provável cenário para o próximo semestre é um impulso maior na atividade econômica, baseada no fortalecimento do consumo. Desta forma, pode-se prever uma expansão das vendas sem ser acompanhado de um processo de fortalecimento da inadimplência.

Endividamento

Os números do endividamento das famílias mostram que há uma trajetória de redução da vulnerabilidade financeira das famílias, através da redução do endividamento. A consequência é a abertura de novas possibilidades de gastos da população, num quadro de expansão do acesso ao crédito, o que pode manter o consumo como uma variável determinante para o crescimento da economia brasileira.

Observando os dados por faixas de renda, as famílias com rendimento acima de 10 salários mínimos apresentam um grau de endividamento superior às famílias que tem renda inferior. São 89,8% de famílias endividadas com renda superior contra 82,7% das que tem rendimento menor.

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Com relação ao nível de endividamento das famílias, em agosto de 2012, 15,2% das famílias relataram estar muito endividadas, ou seja, possuem uma percepção de endividamento elevado. Paralelamente, 36,3% das famílias relatam estar pouco endividadas e 32,8% mais ou menos endividadas.

Finalizando a análise do endividamento, há o grau de comprometimento da renda das famílias com dívidas. O percentual médio deste indicador em julho era de 29,3% e recuou em agosto para 26,2%. As famílias têm optado por administrar seus orçamentos reduzindo as dívidas de grande porte. As dívidas que comprometem entre 11% e 50% da renda também tiveram queda, apesar de continuarem sendo a maior parte das dívidas das famílias – de 76,1% em julho para 69,2% em agosto. Num movimento contrário, estão às dívidas que comprometem menos de 10% da renda, que passaram de 14,3% para 25,7%.

Principais dívidas

Parcelamentos no cartão de crédito – 53,7%

Carnês – 14,1%

Crédito especial – 3,9%

Crédito consignado – 2,8%

Tempo das dívidas

Até três meses – 52,7%

Mais de um ano – 30,4%

Entre três e seis meses – 9%

Entre seis meses e um ano – 7,9%

Inadimplência

Já a alta percentual de famílias catarinenses com contas em atraso, segundo a Fecomércio, não representa uma escalada na inadimplência das famílias, dado que a quantidade de famílias endividadas recuou, junto com o grau de vulnerabilidade orçamentária. Se comparado com o ano passado, o indicador registrou queda, já que era de 25%.

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Analisando por faixa de rendimento, as famílias com renda maior de 10 salários mínimos têm menos contas em atraso do que as famílias com renda inferior. Ao mesmo tempo em que apenas 8,2% das primeiras têm conta em atraso, 25,3% das segundas estão na mesma situação.

De todas as famílias com conta em atraso, 61,2% terão condições de pagar em parte ou totalmente suas dívidas. O tempo médio de contas em atraso no mês de agosto é de 70 dias, o que não representa inadimplência pela metodologia adotada pelo Banco Central, e o tempo médio de comprometimento com a dívida ficou em 5,2 meses.