Número de enchentes em Blumenau neste ano se iguala a 1983; veja histórico de cheias

O número de enchentes registradas em Blumenau neste ano se igualou ao total ocorrido em 1983. Os dados do AlertaBlu mostram que tanto há 40 anos como agora em 2023, por quatro vezes o nível do Rio Itajaí-Açu ultrapassou a marca de oito metros. Mas diferente do que aconteceu quatro décadas atrás, quando as cheias foram em meses diferentes, agora os episódios se concentraram em outubro.

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Falar de enchente em Blumenau, inclusive, traz à mente o episódio de 1983, quando a cidade passou mais de um mês com inundação. O que poucos se recordam é que naquele ano a primeira cheia ocorreu em março. Era uma espécie de presságio. Em maio a água subiu ainda mais e, em julho, o pior cenário se confirmou: o nível do rio chegou a 15,34 metros. Em setembro, enchente outra vez.

Em 2023, a água começou a causar transtornos em 5 de outubro, quando o Itajaí-Açu alcançou 8,78 metros. A água chegou a baixar, mas sem trégua da chuva, no dia 9, o nível do rio bateu a casa dos 10,19 metros. Como um ciclo vicioso, o Itajaí-Açu voltou para a calha, mas o Dia das Crianças registrou o pico mais alto do ano: 10,76. Nesse dia, 145 pessoas foram acolhidas nos abrigos. No domingo (29), outra enchente.

Pico do Itajaí-Açu em Blumenau na enchente de 1983 atingiria ao menos 90 mil pessoas em 2023

A principal diferença entre 1983 e 2023 foi o nível da água.

Se o pico do Itajaí-Açu registrado na enchente de quatro décadas atrás se repetisse agora, atingiria ao menos 90 mil pessoas, segundo a Defesa Civil de Blumenau. A projeção considera a estimativa de moradores por residência do IBGE de 2017. Além disso, a informação tem por base a última carta de inundação, feita há uma década. A próxima atualização deve ocorrer este ano ou no próximo.

— Logo depois de 1983, a Furb instituiu o Ceops, que fazia previsão hidrológica, porque na época a Defesa Civil não tinha nenhuma estrutura, e o órgão começou a trabalhar nesse sentido. Aí tivemos em 1984 o primeiro estudo de cotas, depois uma renovação em 1992 e outra em 2012 — disse em julho deste ano o secretário de Defesa Civil de Blumenau, Carlos Olímpio Menestrina.

A barragem de José Boiteux tem ligação direta com o fato de o nível do rio não tem alcançado patamares ainda maiores em 2023. Em entrevista ao colunista Pedro Machado, o hidrólogo Ademar Cordero citou uma a estrutura ajudou a reduzir em dois metros a inundação em Blumenau. Em 1983, a barragem ainda estava em construção e só foi inaugurada em 1992.

— Se não tivessem as barragens, daria dois metros a mais, porque ela chegou no limite, com eficiência máxima praticamente. Fecharam as comportas na hora certa. Se tivessem fechado antes, iria extravasar mais e seria pior — pontou.

Uma alternativa encontrada pela prefeitura para tentar minimizar os impactos das cheias foi regrar as construções em áreas suscetíveis a enchente. A Lei Complementar 1039/2016, no artigo 41, trata especificamente das restrições de construção e ocupação em locais com risco de cheias.

Em terrenos com cota de enchente de 10 a 12 metros, por exemplo, é preciso que a construção seja de dois andares e a parte inferior não pode ser usada para moradia, apenas como garagem ou área de festas. Abaixo de 10 metros, só pode ter construção sobre pilares e a parte inferior precisa ser deixada livre.

O que diz a lei de Blumenau sobre construir em áreas suscetíveis a enchentes

Enchentes registradas em Blumenau

Assista ao minidocumentário “Rio Itajaí-Açu: das nascentes à foz”