O número de apreensões de animais silvestres só neste ano em Joinville já superou o total de 2019. Conforme a Polícia Civil, até o início de outubro de 2020 foram apreendidos 176 animais. Destes, 52 eram ameaçados de extinção

Continua depois da publicidade

> Quer receber notícias de Joinville e Norte de SC por WhatsApp? Clique aqui e entre no grupo do A Notícia

Já em 2019, até dezembro a polícia apreendeu 128 animais, o que representa um crescimento de 37,5%. 

Além disso, o número de suspeitos presos também cresceu. No ano passado, foram nove pessoas indiciadas durante todo o ano, contra 11 até outubro deste ano. 

Segundo o delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil, Larry Marcelo Rosa, a polícia conta com uma divisão específica para apuração de crimes ambientais desde 2019 e, por esse motivo, naturalmente o foco no tipo do crime aumentou, deixando desproporcional a comparação entre os anos. Isso não indica, necessariamente, conforme Larry, que nos anos anteriores os crimes não tenham sido praticados ou que tenham números tão distantes.  

Continua depois da publicidade

> Cinco leis envolvendo animais que causaram polêmica em SC

– Neste ano aumentaram as apreensões também em decorrência do aumento de operações contra o comércio de aves silvestres – acrescenta. 

Segundo ele, não há como afirmar se a pandemia do novo coronavírus teve alguma influência no crescimento de registros. 

– A questão do comércio sempre teve e é algo que a gente tenta bater bastante, assim como crimes relacionados à vegetação – pontua.

Aves silvestres são maioria

A maior parte dos animais capturados nos dois anos foram aves silvestres. Dentre os casos de destaque, em 2019 foram localizadas 44 aves da fauna silvestre, 57 gaiolas e 10 armadilhas destinadas à caça em cinco bairros de Joinville. 

Continua depois da publicidade

Já em 2020, no fim de setembro a polícia resgatou animais exóticos em um bairro da zona Leste da cidade. Foram resgatados quatro filhotes de araras-canindé, um filhote de papagaio, duas cobras-do-milho, cinco iguanas, um jabuti e quatro ouriços africanos. Um homem foi preso suspeito pelo comércio ilegal de animais silvestres. 

> Ameaçado de extinção, gato-maracajá é resgatado no Norte Catarinense

Terceira maior atividade ilegal do mundo

A divisão especializada da Polícia Civil atua desde o ano passado na repressão a crimes ambientais em Joinville. Conforme o delegado, ela foi criada para apresentar melhor reposta a este tipo de criminalidade, considerada a terceira maior atividade ilegal do mundo. 

– O crime de tráfico de animais silvestres é um problema extremamente grave e que requer a mais absoluta atenção das autoridades competentes. A atividade está atrás, apenas, do tráfico de armas e drogas – destaca o delegado Larry Rosa. 

> Confira cinco animais encantadores já avistados em Santa Catarina

Larry afirma que o comércio clandestino de animais silvestres gera um fenômeno chamado de “defaunação”.Esse problema consiste na drástica redução de espécies de animais em seu habitat natural. Os efeitos, segundo o delegado, são absolutamente negativos na manutenção dos ecossistemas locais e, de forma indireta, na qualidade de vida da população local.

Continua depois da publicidade

– As aves têm uma função ecológica muito importante. Quando você começa, de toda a forma, a retirá-las do habitat natural, as florestas e vegetações nativas não conseguem acompanhar toda a exploração e intervenções humanas realizadas ao longo do tempo. É algo que afeta toda a população – explica. 

As operações são decorrentes de investigações, além de denúncias anônimas e boletins de ocorrência. Outros crimes envolvendo fauna e flora também são coordenados pela Polícia Civil.