Não há números oficiais, mas basta prestar atenção nas ruas de Blumenau para perceber a quantidade de animais abandonados. O problema é um desafio o ano inteiro, mas quando o período de férias chega, a situação ganha outra proporção. Segundo o presidente da Aprablu, Diego Arnaldo Machado, os casos de cães e gatos deixados para trás pelos tutores chegam a ser até 50% maior do que em relação os demais meses do ano.

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– O pessoal quer ir para a praia, viajar para a casa de parentes e aí não consegue ninguém para ficar com o bicho, ou não tem dinheiro para deixar em algum lugar. E também tem o abandono dentro do pátio, sem ninguém que vá lá alimentar, higienizar o local – afirma Machado.

Um exemplo triste vem da Rua Franz Volles, no bairro Itoupava Central. A moradora deixou o imóvel há duas semanas, mas não levou os cães e gatos da família. Os animais estão sendo alimentados por vizinhos, por cima da cerca, já que não conseguem entrar na residência, pois os portões estão trancados. O cheiro ruim e a sujeira não deixam dúvidas de que eles foram abandonados. Uma vizinha chegou a tentar contato com as autoridades para resolver a situação, mas não conseguiu ajuda. A reportagem fez contato com a família proprietária do imóvel. Uma parente da antiga moradora da casa atendeu a ligação e confirmou que os bichos não foram levados pela mulher. Ela diz ter conhecimento da situação dos animais, porém, aponta que não tem condições de recolher os animais.

As Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam com proteção animal na cidade calculam cerca de 5 mil animais soltos nas estradas da cidade. Na visão da presidente da ONG Hachi, Sueli Amaral, o que falta é consciência na hora de decidir por ter um cão ou um gato.

– Um pet tem grande chance de viver mais de 10 anos e ele cresce, fica doente, precisa de banho, comida, portanto é preciso pensar bem. Abandonar, além de crime, demonstra como muitos seres humanos são insensíveis – lamenta Sueli.

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Segundo o presidente da Aprablu, Diego Arnaldo Machado, aproximadamente 200 cães e gatos estão atualmente em lares temporários de voluntários. Como a quantidade cresce expressivamente no fim do ano, a ONG também precisa se desdobrar para atenuar o problema e a comunidade pode ajudar. Ração, medicamentos e produtos de limpeza são alguns dos itens necessários e que podem ser doados. Para isso, basta fazer contato com a instituição por meio das redes sociais. A Hachi, por sua vez, acompanha outras 50 famílias que recolheram animais de rua. A entidade não trabalha com acolhimento. Foca na conscientização para a posse responsável. Quem se dispor a ajudar, pode entrar em contato pelo e-mail contato@hachiong.org.br.

ABANDONO É CRIME

Maus-tratos a animais é um crime ambiental previsto do artigo 32 na Lei 9605/98, com agravante de aumento de pena em caso de morte da espécie. De acordo com o delegado Lucas Gomes de Almeida, da 2ª Delegacia de Polícia de Blumenau, o primeiro passo no combate ao abandono é registrar a ocorrência, munido de provas e identificação de possíveis suspeitos, isso é possível, por exemplo, com fotos da ação.

Também é possível fazer denúncia de maus-tratos aos animais no Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread). Nesse período de férias coletivas, o atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h e das 13h às 17h, com equipe reduzida. Denúncias devem ser registradas pelos telefones 3323-8902 (de segunda a sexta-feira) e 99169-6343 (fins de semana e somente emergências).

ALERTA

Se o abandono é um desafio permanente, existe outro problema identificado pelas ONGs e que ocorre de forma pontual. No fim do ano, a queima de fogos e as frequentes trovoadas de verão também exigem atenção de quem tem animais em casa.

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Por isso a importância de cuidar para que cães e gatos não fujam ao se assustarem com o barulho. Também é importante manter o animal com alguma identificação, normalmente na coleira, para caso o animal acabe fugindo seja mais fácil localizar o proprietário por quem o encontrar.

DICAS

– Viajar com os tutores: se o pet vai junto curtir as férias, a veterinária Yandara Camilo dá algumas recomendações. De acordo com ela, a primeira é não alimentar o animal quando faltar menos de quatro horas para iniciar a viagem. Além disso, se o caminho for longo, a recomendação é de parar a cada duas horas, para que o bichinho possa fazer as necessidades e caminhar um pouco. Se o animal costuma ter enjoos, a orientação é medicar até mesmo com Plasil. Uma gota para cada quilo do cão ou gato.

– Hotéis para pets: se não é possível levar os animais juntos, uma alternativa é buscar por hotéis para cães e gatos. Eles são bastante procurados nessa época, por isso é preciso antecedência na reserva. Outra alternativa apontada por Yandara é optar pela contratação de um profissional que vá até a casa da família, limpe o local e leve o bicho para passear. Um parente ou vizinho que não tenha restrições com animais pode ser uma opção. Mantê-los em casa é, inclusive, a recomendação mais indicada pela veterinária. Isso porque evita o estresse de tirá-lo de seu ambiente.