O número de abstenções em Santa Catarina bateu recorde no primeiro turno das Eleições 2022. O dado é o maior das últimas corridas eleitorais no Estado. Neste domingo (2), 18,46% do eleitorado catarinense não compareceu às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Neste ano, 4,99% dos eleitores de Santa Catarina optaram por votar em branco, número menor do que a última eleição presidenciável (2018) e maior do que em 2014. Ainda de acordo com o TSE, 3,73% fizeram a escolha de votar nulo.
Para o professor de administração pública da Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG) da Udesc Daniel Pinheiro, a situação pode ser reflexo de um “receio de votar em um ambiente antagonista”. Os números, porém, são surpresa para os especialistas devido às grandes filas nos colégios eleitorais registradas durante todo o domingo.
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— Não podemos descartar o fato de que fazem algumas eleições que a gente tem visto crescer o número de abstenções, de pessoas se distanciando da política, justamente por não entenderem que é um espaço importante da sociedade. Me parece que houve um certo receio do antagonismo visto nessas eleições, e de que a política não é considerada o fato mais importante para a população, o que é lamentável — comentou.
Conforme o que analisa, as abstenções podem também ser reflexo da grande movimentação de eleitores por Santa Catarina, o que ocasiona uma institucionalização de voto.
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— A gente tem que ver também a característica do eleitorado. Santa Catarina é um Estado que tem muita gente que vem e sai, e o eleitorado que sai da votação, é um eleitorado que é fluído, que acaba passando por vários estados — explica.
Segundo turno
As disputas presidenciáveis acirradas no Brasil neste ano e a grande concorrência pelo governo do Estado fizeram com que Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT) fossem para um segundo turno em Santa Catarina. O candidato pró-Bolsonaro teve 38,61% dos votos e o apoiador de Lula, 17,42%.
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De acordo com o especialista, o segundo turno entre Décio e Jorginho era esperado devido à linha crescente de ambos nas últimas pesquisas.
— As pesquisas analisam tendências, não necessariamente votos, e eles estavam crescendo, seguidos pelo Gean. Se a gente olha o cenário nacional e o estadual, o segundo turno vai ser muito disputado. Isso porque agora a gente tem uma proporção maior em cenário nacional pró-bolsonaro e estadual pró-Jorginho também — analisa.
Dados no Brasil
Os dados de abstenções, votos brancos e nulos nas eleições no Brasil também foram recorde em 2022. O número de abstenção ficou em 20,89%, com 99.98% das urnas apuradas, o maior desde 1998. Na última eleição presidenciável, em 2018, o Brasil chegou a registrar o maior número de eleitorado que não votou no primeiro turno, quando 20,3% dos eleitores não compareceram às urnas no primeiro turno.
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Os votos nulos representaram 2,82% da votação deste domingo, menor número do que nas últimas eleições. Já os votos brancos chegaram em 1,59%, dado que representou queda na comparação com o último pleito.
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Sobre os votos brancos e nulos, Pinheiro afirma que a situção é reflexo de uma falta de educação política no país, tanto no legislativo quando no Executivo. Para ele, falta na população consciência de que a vida política “acontece no dia-a-dia e não apenas nas votações”.
— A gente tem um problema de educação política na importância do legislativo. Quando a gente tem esses votos brancos e nulos em números expressivos, é de certa forma perigoso para democracia, porque significa que as pessoas não entenderam a importância da votação. Quando a gente tem esses números no Executivo, é reflexo de um distanciamento da população na política, e o voto como uma das expressões mais importantes da democracia, precisa ser exercido. Se a pessoa abre mão de seu voto, ela está abrindo mão de decisões durante os próximos anos. O voto é uma expressão a cada dois anos, mas a vida política acontece todos os dias. — analisa.
A disputa pela Presidência também ficou para segundo turno. Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro vão disputaro cargo em 30 de outubro. No primeiro turno, Lula teve 48,4% dos votos e Boslonaro, 43,2%.
*Sob supervisão de Raphaela Suzin
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