As eleições deste ano registraram aumento de 67% no número de candidaturas de negros em Santa Catarina em relação ao último pleito. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são 154 postulantes, enquanto em 2018 eram 92. O crescimento no Estado foi puxado por candidaturas de mulheres.

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Foram consideradas candidaturas negras as somas dos postulantes que se autodeclaram pretos e pardos. As solicitações para registro de candidatos terminaram na segunda-feira (15).

O crescimento reflete mudanças na legislação eleitoral como a exigência de que os partidos reservem no mínimo 30% do fundo eleitoral para as campanhas de mulheres. Outra novidade é a determinação de que os votos em candidaturas femininas e de negros serão contados em dobro no cálculo dos recursos públicos destinados aos partidos.

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Na eleição de 2018, foram 25 candidatas negras entre as 247 postulantes. Já para as eleições gerais deste ano, são 70 – um crescimento de 180%. 

O que tentam as 70 mulheres que concorrem nas eleições gerais deste ano é repetir o feito de Antonieta de Barros. Ela foi a primeira deputada estadual negra do Brasil ocupando o cargo entre 1935 e 1937 e participando da Constituinte catarinense.

Para o cientista político Tiago Borges, o aumento pode ser visto como consequência dos incentivos institucionais para que os partidos tenham candidaturas mais plurais. Em sua análise, além disso, movimentos da sociedade civil também têm contribuído para esse crescimento.

Quem são todos os candidatos por Santa Catarina nas Eleições 2022

Ele cita como exemplo os mandatos coletivos, que têm agregado mais negros entre seus representantes. Borges avalia ainda que existe um movimento progressivo para que mulheres negras possam ter cada vez mais representantes no congresso ou nas assembleias.

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O presidente da Coordenação Estadual das Populações Afrodescendentes (Cepa), José E. Ribeiro, vê a presença negra na disputa eleitoral como essencial. Ele avalia que, sendo a maioria da população, os negros ainda ocupam um espaço pequeno dentro das assembleias, camâras e do Senado.

Ribeiro, contudo, se diz preocupado com a forma como os partidos vão tratar as candidaturas, tanto em relação ao financeiro, quanto à divulgação das candidaturas.

Essa preocupação tem como base os últimos pleitos. Em 2018 e 2020, das 3.253 pessoas eleitas para cargos políticos nas 295 cidades catarinenses no pleito de 2018 e 2020, apenas 42 eram negras.

Para o pleito deste ano, o presidente da Cepa espera que esse fator seja superado para que os candidatos tenham de fato candidaturas competitivas.

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