Nesta quarta-feira, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)criticava a criação de novos partidos pela Justiça Eleitoral, políticos já começavam articular uma possível mudança de sigla e eventuais alianças nas eleições de 2014. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oficializou, na terça-feira, o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e o Partido da Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP). A Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, aguarda julgamento.

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Alves demonstrou indignação com a proliferação de novas agremiações:

– Isso um dia tem que parar, vamos para o 32º partido. É impossível organizar uma democracia forte, com partidos programáticos, com esse número (de siglas) – afirmou.

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> Depois de dar aval ao PROS, TSE oficializa o Solidariedade

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Passada a “temporada” de criação de legendas, que termina no dia 5 de outubro, o presidente da Câmara acredita que o Senado deveria colocar em votação o projeto que inibe a criação de novas siglas.

– A partir daí ,é reorganizar essa questão partidária – defendeu.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), também pregou o fim da “farra partidária”.

– Está valendo segundos de televisão, parcela do Fundo Partidário, isso é um absurdo. Tem que acabar com essa festa – disse.

PDT projeta a saída de pelo menos seis deputados

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE), lamentou a criação dos Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e da Solidariedade, este último encabeçado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. Com a saída de Paulinho do PDT, a sigla acredita que poderá perder cinco parlamentares para o Solidariedade e pelo menos um para o PROS.

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– Quem já tinha que ser convencido, foi. Agora é esperar 5 de outubro (prazo final para a troca de partidos) para ver quantos sairão. Não há mais expectativas nem estratégias (para segurar parlamentares – disse.

Até as legendas mais antigas estão se beneficiando com o clima de troca partidária. Nesta manhã, o líder do PR na Casa, Anthony Garotinho (RJ), se revezava entre ligações telefônicas e conversas ao pé do ouvido com deputados interessados em mudar de sigla.

– O que sai, entra. Se o PR perder dois ou três (deputados), ganha cinco ou seis – afirmou.

De olho no palanque eleitoral de seu Estado, Garotinho tem atuado abertamente para arregimentar parlamentares para o PROS, considerado por ele potencial aliado na sucessão estadual no Rio de Janeiro.

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Paulinho e Aécio já falam em alinhamento em 2014

Poucas horas depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar a criação do partido Solidariedade, o idealizador da legenda, Paulinho da Força, se reuniu, na manhã desta quarta-feira, com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O tucano foi o primeiro dirigente partidário procurado pessoalmente por Paulinho, após a decisão da Corte Eleitoral. Na noite de terça-feira, 24, apesar das suspeitas de irregularidades na coleta das assinaturas, por um placar de 4 votos a favor e 3 contra, o TSE aprovou o registro do Solidariedade.

O encontro dos dois dirigentes foi acompanhado com exclusividade pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado e durou cerca de meia hora, no gabinete do senador, em Brasília.

Na saída, os dois trocaram amenidades, se trataram como “velhos amigos”, e ressaltaram a possibilidade de se alinharem nas próximas eleições gerais de 2014. Atualmente, Aécio é o candidato presidenciável do PSDB.

– Acho que o Paulinho e eu temos algo em comum, que é a visão de que esse ciclo de governo do PT em benefício do Brasil precisa ser encerrado – afirmou Aécio.

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O tucano ressaltou as afinidades entre o PSDB e a legenda recém-criada.

– Vejo que existe afinidade, sim. A boa política fala de alianças, alianças programáticas. É o que vamos construir daqui por diante para o processo político e democrático. A aprovação do Solidariedade é um ponto extremamente positivo e a minha expectativa é que possamos construir no futuro um projeto juntos, a favor do Brasil – reiterou o senador mineiro.

O tucano também comemorou a possibilidade de o Solidariedade tirar alguns parlamentares de legendas da base aliada do governo Dilma Rousseff. Entre aqueles que devem perder parte da bancada para o novo partido está o PDT e o PSD. Ambos os partidos detêm cargos no governo federal.

– Toda a ação do governo até aqui foi no sentido de permitir e fortalecer partidos que estão nas suas bases de apoio. O Solidariedade talvez seja a primeira iniciativa exitosa de um partido que não esteja automaticamente alinhado com o governo federal e isso tem que ser saudado por nós. A disposição que vejo do Paulinho é de se alinhar com um projeto de alternativa, de oposição, e ele é bem-vindo – frisou Aécio.

Paulinho quer que o Solidariedade seja um partido de oposição

Paulinho da Força ressaltou que, se depender dele, o partido será de oposição à presidente Dilma Rousseff nas eleições 2014.

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– Tenho hoje grandes divergências com a presidente Dilma pelo não cumprimento das questões trabalhistas que ela se comprometeu, antes das eleições, e não cumpriu, abandonou as causas trabalhistas – criticou.

A atuação da nova bancada no Congresso deverá ser, no entanto, “independente”. Integrantes do Solidariedade se reúne no início da tarde desta quarta em Brasília para acertar o processo de filiação e o estatuto.