Após os bons resultados dos atletas brasileiros no Mundial de Natação de Roma, entre o final de julho e o início de agosto deste ano, quando César Cielo conquistou duas medalhas de ouro (50m e 100m livre), Felipe França obteve uma prata (50m livre) e Poliana Okimoto conseguiu um bronze (5km da maratona aquática), o jornalista Murilo Borges criou um novo modelo para avaliar o desempenho do Brasil na competição. Nele, o país ficou em oitavo lugar no ranking, atrás dos Estados Unidos. No quadro de medalhas, o Brasil ficou em 10º.

Continua depois da publicidade

Borges utilizou o formato de pontuação da Fórmula-1 ao invés do tradicional quadro de medalhas para criar o ranking do Mundial 2009. Dessa forma, o primeiro colocado de cada prova ganha 10 pontos, o segundo 8, o terceiro 6, o quarto 5, o quinto 4, o sexto 3, o sétimo 2 e oitavo 1 ponto. Pelo sistema, a equipe brasileira ficou com 70 pontos. Os Estados Unidos foram os primeiros colocados, com 270, e a Austrália ficou em terceiro, com 159.

Conforme Borges, este novo sistema de pontuação promove uma análise mais ampla e correta da participação dos países no Mundial, pois um 4º lugar em uma prova, apesar de não pontuar no ranking oficial, vale muito mais do que um 23º, por exemplo. Assim, os resultados do revezamento masculino (4º lugar no 4×100 metros medley), de Kayo Márcio (4º nos 200m borboleta) e de Thiago Pereira (4º nos 200m e nos 400m medley) garantiram o bom desempenho nacional.

– Seria um modo mais justo para analisar o desempenho dos países, dando mais valor para os oito primeiros colocados. Assim, podemos tirar várias conclusões. No sistema antigo, o desempenho de alguns atletas passou em branco, mas o Brasil chegou em muito mais finais que os franceses, por exemplo. Temos uma ideia que só o pódio vale, mas tivemos outros bons resultados – comentou Borges.

Conclusões da pesquisa

Continua depois da publicidade

O jornalista fez um balanço de todos os 36 países participantes do Mundial. Para ele, a melhora na qualidade dos atletas da Grã-Bretanha é evidente. No sistema de medalhas, eles ficaram em sexto lugar, mas obtiveram a terceira posição no sistema de pontos da F-1. Além disso, os britânicos têm equipes masculina e feminina bem equilibradas, o que mostra que os britânicos já fazem uma boa preparação para as Olimpíadas de Londres em 2012.

O Brasil, por outro lado, apresenta um descompasso entre homens e mulheres. Atualmente, a natação masculina brasileira está em um nível muito superior à feminina. Enquanto os homens somam 63 pontos no ranking por pontos, o que lhes garante a segunda melhor natação masculina do mundo (atrás dos Estados Unidos, com 154, e à frente da Austrália, com 58), as mulheres conseguiram apenas 7, as deixando na 20ª colocação no ranking da natação feminina do Mundial de Roma. O Brasil levou 10 mulheres e 18 homens para Roma. Dos 28 atletas, 16 chegaram a finais.

Outra diferença ocorre entre sprinters e fundistas. Depois do Mundial, o Brasil firmou-se como um país de especialistas em provas rápidas de 50, 100 e 200 metros em detrimento aos atletas de longa distância. O único nadador que conseguiu chegar a uma final em provas de 400, 800 e 1500 metros foi Thiago Pereira (nos 400 metros medley). Todas as outras 17 finais foram alcançadas em provas curtas, principalmente as de 50 e 100 metros, nas quais foram obtidos os melhores resultados.

Olimpíadas 2012

Para Borges, César Cielo, Felipe França e Thiago Pereira seguem como os grandes candidatos à medalhas nas Olimpíadas de Londres. Além disso, ele ressaltou o trabalho dos nadadores que atuam no revezamento 4×100 e também de Gabriela Silva, a grande esperança da natação feminina brasileira.

Continua depois da publicidade

Gabriela demonstrou superação neste mundial, pois sofreu com problemas físicos e estomacais antes da competição e, mesmo debilitada, conseguiu um 5º lugar nos 100m borboleta. No entanto, a nadadora tem uma lesão crônica no ombro que poderá prejudicar sua preparação.

Neste mundial, o Brasil conquistou um recorde mundial, 32 recordes sul-americanos e 18 finais. Antes de Roma 2009, o país havia feito apenas 32 finais na natação.

Seja pelo quadro de medalhas ou pelo sistema de pontos baseado na Fórmula-1, o Brasil mostra que definitivamente vive um novo e melhor momento na natação.

* Murilo Borges pode ser contatato pelo e-mail murilo_f_borges@hotmail.com