Dez relatórios apresentados por bispos e cardeais que participam do Sínodo da Família, no Vaticano, atenuam o texto do relator-geral, o arcebispo húngaro Péter Erdö, em relação aos homossexuais. A nova abordagem omite conceitos que poderiam ser interpretados como a aprovação da Igreja ao modo de vida dos gays.
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Os novos documentos reafirmam que a união homossexual não pode ser chamada de matrimônio, recomendam que os gays recebam atenção pastoral e sejam respeitados em sua dignidade. Contudo, rechaçam a observação do cardeal Erdö, que em seu texto ressaltou que os casais do mesmo sexo têm uma contribuição a dar à comunidade católica.
O Vaticano também divulgou nesta quinta-feira uma versão em inglês do primeiro relatório, no qual alterou a abertura que propunha aos homossexuais e divorciados presentes no texto original em italiano, publicado na segunda-feira.
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Ao lado da situação dos divorciados que casaram novamente, que reivindicam o acesso ao sacramento da eucaristia, a questão dos homossexuais foi aquela que mais dividiu os participantes do Sínodo. A ala mais conservadora dos bispos criticou a divulgação do relatório após a discussão, argumentando que se tratava de um instrumento de trabalho, como também são os documentos divulgados nesta quinta-feira pelos outros 10 grupos.
Os relatórios assinalaram que, no caso dos divorciados, um grupo de participantes defende a manutenção das regras atuais, que proíbem os recasados de comungar.
O documento final da Assembleia-Geral Extraordinária do Sínodo, encontro que começou há duas semanas no Vaticano, será publicado neste sábado e enviado a todas as dioceses do mundo, para novas discussões. Ele servirá de roteiro para a segunda etapa da reunião, em outubro do próximo ano. Só então será aprovada a versão definitiva, que será divulgada com a aprovação do papa Francisco.
Desmentido
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, desmentiu que o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, tenha criticado o relatório do cardeal Erdö.
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– Ele me pediu para dizer que o que foi referido, que ele teria dito que o relatório era indigno, vergonhoso e completamente errôneo, não corresponde à verdade – disse.
O clima do Sínodo foi, segundo o padre Lombardi, de transparência e participação. Na abertura da reunião, o Papa recomendou que os bispos falassem com clareza, sem medo de desagradar, tudo o que pensam a respeito da família, para que a Igreja possa ajudar os católicos a enfrentar as dificuldades.