Um debate breve, sem profundidade ou foco: a estreia de Na Moral, na noite de quinta para sexta, na RBS TV, prometia muito mais do que cumpriu. Apresentado por Pedro Bial, o programa abordou o fértil tema da ditadura do politicamente correto, mas se perdeu em meio a muitas opiniões rasas, repetidas e mal editadas, com cortes bruscos interrompendo as falas dos participantes. Na moral, Bial: ninguém entendeu nada.
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A proposta era conduzir debates com convidados e público, com diferentes pontos de vista, mas não se ouviu discordância e tampouco a voz da plateia (que serviu apenas de figuração). O jornalista Antônio Carlos Queiroz, autor da cartilha Politicamente Correto & Direitos, e o professor Luiz Felipe Pondé, que lançou o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, tinham óbvia intimidade com o tema proposto, mas suas colocações foram picotadas. A edição, que tinha o objetivo de tornar Na Moral ágil e dinâmico, acabou sendo apenas confusa.
Em destaque mesmo só a participação da atriz Maria Paula, que não abandonou sua veia humorista/gostosona e ocupou boa parte do programa com piadas fracas e um decote forte. Outra celebridade convidada, o cantor Alexandre Pires, posou de DJ tocando trechos de duas ou três músicas. Estava lá era para explicar as acusações de racismo contra seu videoclipe Kong, investigado por utilizar clichês contra a população negra e reforçar estereótipos das mulheres como símbolo sexual. Finalizou o papo encenando o clipe no estúdio, com popozudas e gorilas dançando.
Como qualquer estreia é um grande risco e uma aposta, a boa notícia é que dá tempo de corrigir a rota para as semanas seguintes. Delimitar mais o tema e abrir espaço para os convidados é essencial, sem falar na necessária pluralidade de opiniões. A grande polêmica do primeiro Na Moral, no fim das contas, é uma só: achar algo bom para elogiar.
Fico com Bial, showman completo, à vontade no papel de entrevistador e, claro, declamador de suas crônicas como no Big Brother Brasil. Só faltava mesmo mais meia horinha de programa no Multishow depois para, quem sabe, ouvir a íntegra dos debates.
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