O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, enfrenta o enorme desafio de devolver a paz ao país, que se encontra à beira da guerra civil, e normalizar as relações com a Rússia, acusada de apoiar a rebelião pró-russa do leste.
Continua depois da publicidade
Leia as últimas notícias sobre Ucrânia
Depois da posse no sábado do multimilionário pró-ocidental de 48 anos, que prometeu manter a unidade do país e estender a mão aos separatistas do leste, tanto ucranianos quanto ocidentais esperam o apaziguamento de um conflito sem precedentes desde a Guerra Fria.
– O presidente Petro Poroshenko nos devolveu a esperança no futuro. Seu discurso de posse centrado na paz foi implacável – escreveu neste domingo o jornal digital ucraniano lb.ua.
O secretário americano de Estado, John Kerry, declarou no sábado acreditar que será possível encontrar uma solução após uma breve conversa na sexta-feira entre Poroshenko e o presidente russo, Vladimir Putin, à margem da celebração do aniversário do Desembarque na França.
Continua depois da publicidade
– Esperamos não precisar impor novas sanções nem tomar outras medidas – contra Moscou, fortemente criticado por Washington pela anexação da península da Crimeia, declarou.
Poroshenko e o embaixador da Rússia na Ucrânia, Mikhail Zurbabov, deram a entender que começarão a conversar nos próximos dias.
-Há muito a ser feito, mas o presidente Poroshenko está voltado para reduzir as tensões. Agora o presidente Putin tem que se comprometer diretamente no diálogo com Poroshenko, deve deter o fluxo de armas e tomar medidas para que os separatistas do leste da Ucrânia deixem a violência – prosseguiu Kerry.
Para o especialista militar ucraniano independente Valentyn Badrak, o encontro com Putin dependerá do êxito da operação militar que a Ucrânia está realizando no leste desde 13 de abril para sufocar a insurreição, e que já deixou mais de 200 mortos.
Continua depois da publicidade
– É necessária uma nova versão modernizada da operação – declarou em um artigo publicado no semanário Dzerkalo Tyjnia.
Para ele, é preciso “liquidar” os oficiais de inteligência militar russos e os mercenários que representam “cerca de 20% das forças separatistas que estão sendo coordenadas a partir de Moscou”.
– Quando não tiverem mais o apoio do Kremlin, os ucranianos que tomaram as armas mudarão imediatamente de tática – estimou. – Os que têm as mãos manchadas de sangue sairão da Ucrânia e os outros se acalmarão – acrescentou, ressaltando que também deve ser aplicado um “programa social adequado” para o leste do país.
Na noite de sábado os separatistas pró-russos atacaram o aeroporto internacional de Lugansk, no leste da Ucrânia, atualmente controlado pelas forças ucranianas.
Continua depois da publicidade
– Os rebeldes atacaram ontem à noite e nesta manhã. Está claro que tentam destruir o edifício que fornece a eletricidade ao aeroporto. Não houve feridos de nosso lado – declarou um paraquedista ucraniano por telefone à AFP.
O presidente ucraniano havia se dirigido em russo aos habitantes do leste do país, palco de uma insurreição separatista pró-russa, a quem prometeu descentralizar o poder e garantir o uso livre da língua russa.
No entanto, rejeitou qualquer compromisso com a Rússia acerca da orientação europeia de seu país e do pertencimento da Crimeia à Ucrânia.
Eleito no dia 25 de maio com 54,7% dos votos, Poroshenko é o sucessor de Viktor Yanukovytch, destituído no fim de fevereiro e que se exilou na Rússia após o banho de sangue na praça Maidan de Kiev, depois de três meses de protestos pró-europeus.
Continua depois da publicidade
*AFP