No cargo há dois dias e enfrentando resistência dos países vizinhos, o presidente do Paraguai, Federico Franco, estendeu o primeiro dia de trabalho até tarde da noite neste sábado. Mas hoje, segundo assessores, ele quer passar o dia em casa, o que não garante que ficará de folga.

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Franco ainda não se mudou para a residência oficial e mora em sua casa em Fernando de la Mora, cidade nos arredores de Assunção, capital paraguaia. O novo presidente demonstrou que pretende trabalhar mais de 12 horas por dia. Ontem, ele começou o sábado com reuniões antes das 8h e terminou bem depois das 20h.

No palácio do governo, recebeu assessores, aliados políticos, o líder da Igreja Católica no Paraguai, condeceu entrevistas coletivas e participou de um culto ecumênico. À noite, longe da casa de Franco, manifestantes ocuparam a frente da sede da TV pública para protestar contra o novo governo.

Simpatizantes do ex-presidente Fernando Lugo condenaram o governo de Franco e disseram que não o aceitam como legítimo. No Paraguai, o clima é de expectativa. O futuro político do país divide opiniões nas ruas de Assunção. Muitos paraguaios confiam na equipe de Franco, mas temem os impactos causados pelas mudanças políticas. O receio de parte dos que acompanham a política no Paraguai é com o possível rompimento dos países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul.

Com forte dependência externa, o país pode sofrer efeitos econômicos e comerciais com uma eventual punição.

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Em nota divulgada ontem à noite, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, diz que o Brasil não irá adotar medidas que venham a prejudicar o Paraguai. No país, há rumores de sanções econômicas e comerciais por parte do Brasil em reação à forma como o ex-presidente Fernando Lugo foi destituído do poder.

“O governo brasileiro ressalta que não tomará medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai. O Brasil reafirma que a democracia foi conquistada com esforço e sacrifício pelos países da região e deve ser defendida sem hesitação”, diz a nota.

Franco disse que se houver sanções ao Paraguai, os principais prejudicados serão os empresários brasileiros que investem no país. Ele acrescentou que não acredita na imposição de sanções. O ministro das Relações Exteriores, José Félix Fernández Estigarribia, prometeu se empenhar para evitar as sanções.