Em uma sexta-feira marcada pelo impeachment do então presidente Fernando Lugo, o novo chefe de governo paraguaio Federico Franco disse que irá trabalhar para conquistar o reconhecimento dos países sul-americanos, informa o jornal ABC Color, de Assunção.

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– Aos presidentes do Mercosul, pedimos que entenda esta situação. Vamos fazer um esforço para que se normalize – declarou Franco, em entrevista coletiva para a imprensa, pouco depois de assumir o cargo, no início da noite desta sexta-feira.

Em seguida, ele frisou que a troca de governo ocorreu com respeito à Constituição Nacional e às leis – embora tenha se mostrado bastante surpreso com a agilidade do processo.

– O chanceler irá se encarregar de estabelecer vínculos. O mais importante para o país é organizar a casa – concluiu.

Perfil: quem é Federico Franco

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O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, é um admirador de Luiz Inácio Lula da Silva e da chilena Michelle Bachelet, e um duro crítico do líder venezuelano Hugo Chávez.

– Não acredito que Chávez seja um exemplo (de governante) digno de citar. O povo está cansado de autoritários que restringem a liberdade – disse, em entrevista concedida no passado.

O Parlamento paraguaio mantém bloqueada a entrada da Venezuela no Mercosul enquanto Chávez for o presidente venezuelano.

Franco, 49 anos, também acredita que o Paraguai não tem espaço para a esquerda radical.

– A esquerda extrema, marxista, trotskista já está acabada. Os governos de centro-esquerda como o de Tabaré (Vázquez, no Uruguai), Lula e (da então presidente Michelle) Bachelet, ao contrário, são bem-sucedidos. Me inspiro bastante neles.

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Considerado um “caudilho honesto” e um “homem sério” pelos analistas políticos, Franco é um cirurgião membro de uma família de médicos e políticos de Fernando de la Mora, cidade vizinha a Assunção.

Membro do conservador Partido Liberal, Franco foi subindo os degraus da política com prefeito de Fernando de la Mora e governador do departamento Central – a populosa área metropolitana de Assunção – até chegar ao comando dos liberais.

Como presidente do Partido Liberal, foi indicado à vice-presidência na chapa de Fernando Lugo nas eleições de 20 de abril de 2008, através da Aliança Patriótica para a Mudança (APC).

Os liberais responderam por 65% dos votos obtidos pela Aliança Patriótica, coalizão de partidos e movimentos de direita, centro e esquerda que acabou com 61 anos de hegemonia do Partido Colorado.

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Franco se apresentou como pré-candidato à presidência pelo Partido Liberal visando às eleições de 23 de abril de 2013, mas com a inesperada chefia de governo se comprometeu a concluir seu período presidencial em 15 de agosto do próximo ano.

A decisão do Partido Liberal de retirar seu apoio a Lugo foi fundamental para a destituição sumária do presidente.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment – proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta – é o “mau desempenho de suas funções”.

A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu na sexta-feira da semana passada, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

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A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo – por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).