Após surpreender o mercado com um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros na sua primeira reunião de política monetária à frente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi deverá dar uma guinada na gestão conservadora do seu antecessor Jean-Claude Trichet e adotar um estilo agressivo em lidar com a crise na zona do euro, o que já lhe rendeu a alcunha de “Super Mario” pelos analistas internacionais.
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– Sua decisão de baixar os juros mostra que ele quer provar a todos que ele tem a personalidade e os requisitos necessários para ser o segundo presidente de banco central mais poderoso do mundo. Depois da decisão, Super Mario certamente será mais agressivo do que Trichet no combate à recessão – disse a diretora de câmbio da GFT Forex em Nova York, Kathy Lien.
O BCE não cortava juros há 18 meses. Aliás, os dois últimos movimentos na taxa de juros foram de alta, em janeiro e julho deste ano. Apesar de haver sinais de forte desaceleração econômica e até mesmo um risco crescente de recessão na zona do euro, refletidos nos indicadores antecedentes de atividade econômica, a inflação na região permanece ao redor de 3%, bem acima da meta inflacionária de 2% do BCE, o que tornava uma redução de juros neste mês ainda mais improvável aos olhos do mercado.
– Parece que Draghi, ao baixar os juros já na sua primeira reunião no comando do BCE, está pouco se importando com sua reputação e apenas em fazer o que é necessário – afirmou à Agência Estado o economista-sênior para zona do euro do banco ING, Carsten Brzeski.
O BCE, segundo Brzeski, pegou o vírus da crise e agora vai agir para evitar uma recessão. Nos oito anos em que Trichet ficou à frente do BCE, a estabilidade nos preços marcou a gestão do francês, que priorizava entregar a inflação na meta à qualquer custo.
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