A Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) recebeu um novo laudo que indica a presença de uma nascente e de um curso d’água no terreno em que está prevista a construção do Parque Shopping Criciúma. O documento acirra ainda mais o clima de denúncias e dúvidas sobre o processo de liberação da área, num caso em que também há disputa comercial entre shoppings no Sul do Estado.
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O laudo particular, concluído e entregue na Famcri na terça-feira, é assinado pelo hidrogeólogo Rodrigo Del Olmo Sato, da Minas Geo, de Florianópolis. Ele foi contratado para produzir o estudo por Gilvani Voltolini, do Grupo Almeida Jr., que também pretende construir um shopping em Criciúma e vem levantando suspeitas sobre o trâmite de documentos do Parque Shopping Criciúma, do Grupo Angeloni e da Partage (grupo de São Paulo) na Fundação do Meio Ambiente de SC (Fatma).
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O documento tem 44 páginas e traz informações dos dias 10 e 13 deste mês com “dados coletados em campo, montagem do acervo fotográfico, georreferenciamento dos pontos de GPS e estudos de trabalhos anteriores e dados climatológicos dos últimos dias”.
O autor, que é mestre em hidrogeologia e meio ambiente pela Universidade de São Paulo, diz ter realizado o estudo com fundamentos científicos em um hectare da área no bairro Salete. Ao DC, na quarta-feira (15) à tarde, Sato disse que não entrou na área privada e fez a coleta de campo em volta do terreno.
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Pesquisa de campo, fotos e documentos
Antes da parte final em que atesta a presença de nascente e curso d’água na área, o geólogo afirma ter mais de dez anos de experiência no assunto, atuando inclusive como perito junto à Justiça Federal e Estadual.
Na parte técnica constam características do solo do local, o qual seria formado basicamente por sedimentos arenosos e hidromórfico, que em condições naturais se encontra saturado por água (leia a entrevista).
Numa das páginas há registro fotográfico do local realizado no dia 8 de janeiro, quando, segundo o laudo de Sato, “é possível identificar a existência de considerável acúmulo de água na área e que pode não ter sido somente em função de chuvas, visto que houve pelo menos seis dias de janela climática seca no município”.
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Por fotos, o geólogo diz ter identificado estruturas geradas pelo escoamento da água e defende ampla averiguação em períodos secos. Sobre o futuro do terreno é enfático: “Qualquer intervenção que venha a ser realizada na área do empreendimento que se pretende construir poderá interferir na área de recarga do aquífero freático situado no local”.
O que diz o Grupo Angeloni
Com relação ao recente laudo encomendado, o Grupo Angeloni entendeu que foi realizado em um curtíssimo espaço de tempo, utiliza dados secundários para contrapor estudos realizados diretamente no local avaliado e também se baseou em imagens feitas justamente em períodos de alta precipitação.
Os estudos utilizados no licenciamento do Park Shopping Criciúma foram elaborados por profissionais extremamente qualificados e capacitados, que concluíram, após quatro meses de estudo, que o local em questão não configura uma nascente, mas sim, um vale em que as águas pluviais escoam durante períodos chuvosos, tendo o aterro realizado para construção da rua Victalino Scremin atuado como um barramento, o que prejudicou o escoamento das águas superficiais.
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Por fim, ressaltamos que todo o material técnico foi apresentado, analisado e aprovado pela Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) e pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma).