Começou nesta sexta-feira o trabalho de Agnello Gonçalves, novo gerente de futebol do JEC. Na entrevista coletiva, o profissional, que estava no Avaí até terça-feira, evitou falar de perfis de técnicos ou jogadores. Na verdade, o primeiro passo do clube, segundo ele, é criar uma ideia de trabalho e, a partir dela, sair ao mercado em busca destes profissionais.
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Em linhas gerais, o resumo é: Agnello trabalhará em parceria com a direção do Joinville em busca uma identidade para o Tricolor. A partir desta definição de filosia, se formará a equipe que jogará a Copa Santa Catarina, o Campeonato Catarinense e a Série D de 2019.
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— Será que é coerente eu sair e contratar jogadores sem ter uma ideia de trabalho? Será que é coerente eu promover um jogador da base sem ter embasamento? Tem que buscar coerência no trabalho. Coerência passa pelo que o presidente pensa, pelo o que clube quer, por todos os departamentos. A partir daí, vamos detectar o estado atual do clube e vamos buscar um perfil de jogador, buscar um perfil de treinador. Muitos clubes acabam cometendo erros se deixando levar pelo lado externo. Esporte é cobrança, mas do lado de cá precisamos agir com coerência e sensatez. Vim por isso: vi sensatez nas pessoas da diretoria — explicou o novo gerente.
Agnello também definiu como um equívoco os dois modelos de contratação realizados pelo JEC nos últimos anos. Na avaliação do novo gerente, nem ele nem os técnicos podem ter superpoderes no momento da formação de um elenco.
— Antes se praticava um modelo mais linear, mais centralizador. Esta prática de dar superpoderes ao treinador e por vezes ao gerente é um equívoco muito grande das duas partes. Autonomia é importante, mas o clube não pode dar a chave para alguém — observou.
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Veja abaixo a entrevista exclusiva feita por “A Notícia”
Você falou em não dar superpoderes a técnicos, mas é muito difícil encontrar profissionais que aceitem não dar a palavra final sobre a montagem de um elenco? Existe no mercado um profissional alinhado à esta proposta?
Agnello Gonçalves – Acho que a questão não é existir ou não. Tudo parte da pré-contratação, como você contrata este profissional. No momento eme que ele é contratado, precisa entender quais são as diretrizes do clube. Existe este profissional, mas temos que ver se ele se adequa à ideia do Joinville, contempla os nossos anseios neste momento. Se ninguém aqui quer centralizar o poder, por que o treinador vai centralizar?
Qual será seu grande desafio num clube que terá de montar uma ideia do zero?
Agnello Gonçalves – Acho que são dois componentes. Sem dúvida, inspirar os profissionais que estão aqui. O maior desafio neste momento de queda é inspirar todos e estendo isso a toda parte operacional. O segundo ponto é entender e buscar no mercado pessoas que acreditem que é possível, que se encaixem neste ideia. Não vai ser fácil. Vejo os dois desafios, inspirar e buscar no mercado buscar pessoas que inspirem.
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Existem jogadores com perfis de Série B, Série C, Série D? O Joinville montará um time com a cara da Série D?
Agnello Gonçalves – Discordo um pouco deste viés. Acredito muito na limitação das pessoas. Por vezes, você se autossabota como profissional. Às vezes, de uma maneira geral, as pessoas se limitam enquanto profissionais e preferem com olhar mediano ou para baixo, não olham para cima. Se eu concordar com essa ideia, estou limitando o crescimento de um atleta, que pode começar na Série D e brilhar na Série A. Acredito em três perfis: o campeão, expoente, que quer quebrar barreiras; o intermediário, que faz o trabalho dele, mas não quer ser expoente nem fracassado; e o fracassado, que é o terceiro.
Vamos mudar a pergunta. Você acredita que jogadores rodados, experientes, como o Joinville contratou neste ano, podem funcionar nas Séries C e D ou é melhor apostar em atletas dispostos a crescer com o clube?
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Agnello Gonçalves – Quero trabalhar com os melhores. Melhores tecnicamente, melhores líderes, melhores em resultados. Os melhores não são sempre os expoentes. Por vezes, o atleta tem uma limitação técnica, mas tem um pensamento vencedor. Quando você olha para ele, ele te contamina. É isso que vamos buscar para o Joinville.