Nos anos 30, foi importado para Joinville o modelo físico de grupo escolar que vigorava em São Paulo, no qual o formato de “U” permitia ao diretor observar, de sua cadeira, as duas alas paralelas onde ficavam os alunos. Décadas mais tarde, tal vigilância provavelmente percebeu a deterioração que devorava a Escola Germano Timm, uma das mais tradicionais de Joinville, bem como o perigo que o prédio corria sem a devida manutenção. Mas o poder público fechou os olhos, e nem o tombamento histórico impediu que o local ficasse impróprio para qualquer atividade que não o das portas sendo lacradas. Quem diria que a arte seria a salvação da Germano Timm?
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Fechado desde 2006, quando os problemas estruturais já eram gravíssimos, o antigo prédio da escola não recebeu um prego desde então, a não ser os dos tapumes que impedem a entrada dos alunos. Porém, por cima deles e pelas aberturas das janelas, é possível presenciar o triste cenário: vigas apodrecidas, mato alto no pátio, portas e forros enegrecidos, teto no chão em determinados pontos, restos de fiação dependurados…
Será, sem dúvida, um trabalho hercúleo recuperar essa estrutura e transformá-la na futura sede da Escola Livre de Artes, que fará par com o curso superior de dança, a ser instalado no prédio novo do colégio. Andrea Falchero de Oliveira Romanenko, arquiteta da Udesc que participou ativamente no projeto de restauro, é a primeira a admitir que não será tarefa fácil. Afinal, precisarão ser respeitadas as características originais da construção de 1935 e a manutenção do material que ainda tiver condições de uso. Mas Andrea calcula, por exemplo, que apenas 30% do piso poderão ser reaproveitados e paredes exigirão escoramento.
_ Na verdade, vamos ter que reconstruir o prédio _ resume a arquiteta da Udesc.
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Esse é o destino dos R$ 2,1 milhões a serem liberados pelo Badesc. Só com os recursos em mãos é que sairá a licitação pública que escolherá a empresa responsável pela obra. Por isso, não existe um cronograma, ainda que o projeto de restauro esteja pronto há tempos e aprovado em todas as instâncias.
_ É pouco provável que comece neste ano. Mas temos esperanças _ diz o diretor-geral da Udesc, Leandro Zvirtes. Quanto ao início das aulas do curso superior de dança, elas dependem do repasse de verbas do governo estadual e de adequações no prédio atual da Germano Timm, mas existe a ideia de um vestibular na metade de 2014, com os acadêmicos chegando para estudar em agosto.
Escola dividirá espaço com curso de dança
Quando veio à tona a informação de que o curso superior de dança da Udesc seria alocado na Escola Germano Timm, direção, professores e alunos se assustaram, e com razão. Afinal, com tantas escolas problemáticas em Joinville, para onde iriam os cerca de 600 alunos? Há uma semana, o diretor Carlos Wolff reuniu-se com secretária regional Simone Schramm e a gerente regional de educação Dalila Leal e ouviu delas a garantia de que o colégio continuará, e no mesmíssimo lugar onde está. Por telefone, Simone carimbou a informação.
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O que haverá, diz Wolff, é o compartilhamento de espaço. Como o ensino fundamental vem sendo retirado gradativamente, chegará o dia em que a escola oferecerá apenas o ensino médio _ algo em torno de 400 estudantes, incluindo aqueles que frequentam a Escola do Teatro Bolshoi, parceira na empreitada com a Udesc _, e não haverá problemas em abrigar as aulas do curso acadêmico.
_ Não vamos deixar de existir. Vamos ser referência no Centro em termos de ensino médio e voltados para as questões das artes _ reforça o diretor, que vê como positiva a reposição da Germano Timm sob as asas da Udesc, uma garantia de que a estrutura da escola receberá cuidados mais constantes.