Quando A Mulher do Fim do Mundo foi idealizado, o desejo do chamado “núcleo criativo” que criou o trabalho era dar um presente a Elza Soares: o seu primeiro disco com canções totalmente inéditas.

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— Era um disco despretensioso nesse sentido — explica Guilherme Kastrup, responsável por orquestrar o álbum da cantora de 2015 e segue, na mesma função, no novo álbum dela, Deus é Mulher, atualmente em processo de gravação em estúdios em São Paulo e Rio de Janeiro.

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— A gente não imaginava a proporção que A Mulher… iria tomar. Quando esse show foi para a estrada, houve um rejuvenescimento espantoso do público. De um pessoal de 50 a 60 anos, em média, para uma galera de 19 a 35 anos — explica Kastrup.

A reação do público foi uma surpresa até mesmo para Elza.

— Quando terminamos de gravar esse disco, eu até pensei que o público não fosse gostar, porque é um disco muito forte, muito denso. Quando iniciei a tour e o publico cantava comigo todas as músicas, fiquei surpresa — confessou a cantora.

Kastrup se vê como um elo entre o samba contraventor que marca a carreira de Elza Soares com a produção da trupe Kiko Dinucci, Rômulo Fróes, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral — eles costumam colaborar entre si e formam, juntos, a banda Passo Torto.

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— A Elza possui esse espírito contraventor, essa coisa meio roqueira, punk, visceral. E o grupo habita dentro desse ambiente também. Temos uma raiz na música brasileira, no samba, mas não só nele. Há algo de metropolitano, mais abrangente — avalia Kastrup.

O quarteto que forma o Passo Torto segue intacto como núcleo de Deus é Mulher.

— Em time que está ganhando não se mexe — explica Elza.

Campos (cavaco), Dinucci (guitarra), Cabral (baixo) e Fróes (direção artística) são acompanhados de Kastrup (bateria) e Mariá Portugal (percussão).

Deus é Mulher não tem exatamente a mesma estética, mas existe uma continuidade —explica Kastrup.

Sobre o conceito que costura as canções, Elza diz:

(O disco anterior) denunciava as mazelas e o caos do mundo. O novo trabalho sugere o nascimento de uma nova era, conduzida pela energia feminina.