Desde agosto, a Secretaria de Educação de Santa Catarina está digitalizando a distribuição da merenda escolar nas unidades de ensino com mais de 900 alunos. Até agora, 270 escolas já trocaram as velhas fichas por carteirinhas com leitor QR Code, o que totaliza cerca de 180 mil alunos. A mudança promete mais controle e economia para o Estado. No entanto, alguns pais reclamam do modelo.
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O caso mais recente aconteceu na Escola Intendente José Fernandes, nos Ingleses, em Florianópolis. Tatiana Aparecida Fernandes, de 33 anos, reclama que a filha Caroline, de 7, foi impedida de receber o lanche, um copo de iogurte, biscoitos e banana, porque não estava com o documento.
— Eu não estava com a carteirinha, mas fui para a fila. Falei ‘posso pegar uma fichinha’ e não deixaram. Falaram que só com a carteirinha. Mandaram eu ficar sentada e me deram água. Eu fui de novo na fila e não deixaram — contou Caroline.
— Quando a irmã dela chegou, falou “vamos na fila de novo”. Daí ela passou a carteirinha dela, já que cada criança pode repetir uma vez. Então a Caroline não ficou sem merenda porque a irmã dela emprestou a carteirinha — completou Tatiana.
A versão no entanto é negada pela diretora da escola. Segundo Valquíria Maria Luvison, quando uma criança esquece o documento, o administrador pode passar uma espécie de carteirinha reserva, liberando a criança para o lanche.
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— Em hipótese alguma foi negada comida para ela ou qualquer outro aluno. Nós não podemos fazer isso: a merenda é do aluno. E ela fez sinal negativo com a cabeça. Pode perguntar para qualquer outro aluno se foi negada alguma vez a comida.
Outra situação que gera desconforto é o preço a ser pago quando a criança perde o documento. Segundo a Secretaria de Educação, o preço para a confecção de uma nova é de R$ 5. Mas a diarista Ceni Rodrigues, de 34 anos, disse que pagou uma taxa de R$ 25 para a nova carteirinha da filha, que também se chama Caroline. E ainda teve que fazer um boletim de ocorrência.
No entanto, mesmo sem a carteirinha, a menina de 7 anos não foi impedida de lanchar no Instituto Estadual de Educação, onde estuda.
— A minha filha tinha perdido a carteirinha porque a gente estava fazendo mudança. Mas ela disse que as vezes que ela foi sem carteirinha não barrada. Só que isso é muita burocracia. Coloca os funcionários e a diretoria numa situação delicada.
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Digitalização trará economia de até 10%
Conforme a Secretaria de Educação, todas as escolas que estão aderindo à digitalização receberam tablets que fazem a leitura das carteirinhas, além de treinamento para operar o aparelho e o aplicativo. A expectativa do governo é economizar com alimentação em até 10% devido à precisão do sistema. A pasta admite que eventualmente falhas pontuais podem acontecer durante a adaptação, mas que tudo está sendo analisado.
Segundo o diretor de articulação com os municípios da Secretaria de Educação, Osmar Matiola, haverá mais informações sobre as refeições servidas.
— Se é um aluno tem restrição alimentar, é celíaco, por exemplo, o profissional será notificado. A gente pode fazer o acompanhamento nutricional dos alunos. Então é uma ferramenta muito importante para nós.
Outra vantagem, segundo Matiola, é que foram interligados os sistemas acadêmico e da contagem da alimentação escolar.
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— Então é impossível se alimentar nessas escolas um aluno que não seja da rede estadual.