O comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar de Blumenau, Márcio Alberto Filippi, tem uma história pouco comum dentro da corporação. Blumenauense, começou a carreira como soldado na cidade em que nasceu. Mais de 20 anos depois, tornou-se o primeiro ex-soldado a liderar o mesmo local onde iniciou a trajetória. Há pouco mais de um mês no novo posto, o tenente-coronel se concentra no planejamento para 2022.
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Entre as ideias para o próximo ano está a de fortalecer projetos já existentes, como o Proerd e a Rede Catarina, programa da PM de proteção às vítimas de violência doméstica, além de criar novas ações. Uma delas a de deixar uma equipe exclusiva para o combate aos problemas mais corriqueiros da cidade, como o som alto (pela Lei do Psiu) e o tráfico de drogas.
Apesar do intenso trabalho, Filippi conta ao Santa que considera Blumenau uma cidade acima da média quando o assunto é segurança. Vergonhoso mesmo é o número de casos de agressões contra a mulher, que só aumenta, exemplifica.
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Confiante na equipe formada por 205 policiais, o tenente-coronel de 43 anos, que estudou em colégios públicos da cidade e que escalou todos os degraus da hierarquia policial, espera se tornar coronel no lugar em que nasceu e cresceu. Quanto tempo estará à frente do batalhão não sabe, mas não esconde a satisfação que é ter chegado até aqui.
Confira a entrevista:
Quando e como começou a trajetória do senhor na PM?
Resumidamente: eu comecei como soldado aqui no 10º Batalhão em 1998, fiquei seis anos aqui como soldado. Depois prestei um novo concurso público para oficial e fiz o curso de formação em Florianópolis durante quatro anos. Passei por algumas cidades, como Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Guaramirim e Joinville. Em Guaramirim já tinha função de comando da companhia.
Em 2017 fiz um curso de aperfeiçoamento e na saída desse curso eu consegui voltar para Blumenau. Fiquei três anos trabalhando na nossa regional e um pouquinho antes da pandemia, em 2020, eu fui para o subcomando do batalhão. E agora, no dia 26 de novembro, cheguei ao comando.
Tem um gosto diferente comandar o batalhão da própria cidade?
Ah, com certeza é uma satisfação muito grande. Claro, eu me preparei para isso, mas muitas coisas aconteceram para que fosse possível. Não basta só ter vontade, tem que correr atrás e o mundo tem que conspirar a favor.
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E qual o sentimento de alguém que era soldado e se tornou comandante?
É um sentimento de vitória. Eu nunca imaginei chegar aqui, nem nos meus melhores sonhos.
E ano que vem? Tem algo que o senhor diga: “Isso aqui não posso deixar de fazer”?
Uma das prioridades para o ano que vem é terminar nosso projeto de aquisição de armas de grosso calibre, que é o fuzil. Já adquirimos cinco e recebemos cinco. O nosso projeto ano que vem é adquirir mais 10 ou 15 fuzis e ter um treinamento para todo o efetivo. Mas não é só isso, toda a questão de logística a gente vai priorizar. Temos o pedido de cinco novas viaturas que devem chegar ainda no primeiro semestre do ano que vem.
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Em paralelo temos soldados que acabaram de ser formados. Eu ainda não sei quantos virão a Blumenau, mas quando eles chegarem uma das nossas medidas vai ser a criação de uma guarnição somente para operações focadas e pontuais. Ela não vai ficar fazendo rondas como as guarnições normais, ela vai ser focada em operações.
Com relação aos programas preventivos pretendemos ampliar todos eles, mas especificamente queremos dar uma atenção à Rede Catarina de proteção às vítimas de violência doméstica. É um número muito grande que cresceu em relação ao ano anterior e a gente tem que se preocupar com ele. São números vergonhosos para uma cidade como Blumenau, onde a população é esclarecida e tudo mais. O Proerd também temos que ampliar.
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Qual o perfil do senhor no planejamento que envolve segurança pública?
Hoje a gente não tem muita escolha, tem que trabalhar nas duas frentes, tanto na parte repressiva quanto na preventiva. Na parte repressiva vamos atuar para diminuir os índices de criminalidade, principalmente aqueles que mais incomodam a população, que é o roubo e o furto. E combater furto e roubo muitas vezes é combater o tráfico de drogas, porque a criminalidade se estrutura muito no dinheiro do tráfico. Esse ano, por exemplo, a gente está fechando mais de 600 quilos de entorpecentes apreendidos só em Blumenau. O objetivo ano que vem é apreender o máximo possível.
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Uma outra linha da minha atuação minha são as parcerias. Eu vou bater na porta de muita gente para fazer parcerias fortes, tanto com a iniciativa privada quanto com o setor público, porque acredito que o grande papel do comandante é buscar estrutura e melhores condições de trabalho para o seu efetivo.
Parcerias para fazer o que exatamente?

Para tudo, desde a criação de novos programas, de novas iniciativas, de mudança de legislações até a questão financeira para estruturar melhor a polícia.
Falando em legislação, tem alguma lei em vigor que o senhor considera que atrapalha o trabalho da PM?
A questão do Código Penal em relação ao furto. Hoje é quase impossível alguém que furta ficar preso. Às vezes a gente pega uma pessoa com 40 boletins de ocorrência de furto e ela continua sendo liberada porque a legislação permite.
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Como pretende atuar em áreas mais delicadas da cidade, comunidades conhecidas do tráfico?
Nós já temos um foco muito grande nesses locais, vários mapeados. Vamos buscar parcerias com outros órgãos para que não só a polícia se faça presente, como aconteceu no condomínio da Rua Botuverá. Se for possível replicar isso para outros condomínios nós vamos fazer.
Tem alguma situação que Blumenau precisa prestar mais atenção?
Blumenau hoje não tem um grande problema de criminalidade, temos índices que são compatíveis com os índices de países civilizados. Dentro da realidade brasileira somos uma ilha, não dá para comparar. Blumenau, Brusque e Jaraguá do Sul com certeza estão entre as cidades mais seguras do Brasil para viver. Os índices estão muito bons em todas as áreas, só não podemos relaxar.
O que muda com a Guarnição de Indaial virando um Batalhão? Há perspectiva da vinda de mais soldados para o 10º Batalhão com essa alteração?
A grande vantagem para nós é que eles vão se estruturar melhor. Eles se estruturando melhor precisaremos prestar menos apoio do que a gente faz comumente.
O senhor é filiado a algum partido político? Como o senhor enxerga o cenário político nacional?
Não sou filiado a nenhum partido político. Sobre o cenário político nacional eu enxergo que está bem polarizado. Temos dois grandes polos e um terceiro tentando surgir, mas não sei, vamos ver o que nos aguarda para 2022.
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