O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, condenou hoje (28) o uso de armas químicas, o que ele classificou como ‘intolerável’. O chanceler alertou sobre o risco de uma decisão, tomada fora do âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de intervenção armada na Síria, caracterizar violação do direito internacional. De acordo com Figueiredo, o uso da força deve ser o último recurso. O Brasil defende a busca do consenso pelo diálogo e pela negociação.

Continua depois da publicidade

– Sabe-se que há fortes indícios de uso de armas químicas na Síria. Isso é intolerável. Não é aceitável – disse Figueiredo, referindo-se aos ataques ocorridos há uma semana nos arredores de Damasco, capital da Síria, que mataram cerca de 750 pessoas, principalmente crianças e adolescentes.

O chanceler lembrou que a posição do Brasil é contrária, em geral, ao uso da força.

– É o último recurso. A decisão deve ser autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas – ressaltou ele, acrescentando que aprovar medidas, sem o consentimento do conselho, é uma violação ao direito internacional.

O agravamento dos confrontos na Síria levou os governos do Reino Unido e da França defenderam a intervenção armada com o apoio dos Estados Unidos. O Conselho de Segurança analisa uma resolução, apresentada pelos britânicos, condenando o uso de armas químicas na Síria e sugerindo a intervenção.

Continua depois da publicidade

A crise na Síria foi deflagrada em março de 2011, em meio a disputas pelo poder entre o governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, e a oposição. Mais de 100 mil pessoas morreram nos conflitos armados e há denúncias de violação de direitos humanos. No último dia 21, organizações não governamentais divulgaram que forças do governo usaram armas químicas contra civis.

Política externa é do governo e independe do chanceler, diz Figueiredo

A política externa brasileira será mantida, sem alterações, avisou Luiz Alberto Figueiredo Machado, que substitui Antonio Patriota. Figueiredo disse que a definição das principais linhas de atuação do Brasil no cenário internacional é da presidenta Dilma Rousseff, independente do chanceler que estiver no comando do Ministério das Relações Exteriores.

– A política externa é do governo Dilma Rousseff e não mudará independentemente de quem for o chanceler’, disse Figueiredo, que assumiu hoje a nova função e conversou por cerca de uma hora e meia com a presidenta no Palácio da Alvorada.

Figueiredo confirmou que vai participar da Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), no próximo dia 30, no Suriname. Ele confirmou que vai ter uma reunião com o chanceler boliviano, David Choqueuanca. A expectativa é que conversem sobre a crise deflagrada a partir da retirada do senador boliviano Roger Pinto da Embaixada do Brasil na Bolívia, sem salvo-conduto das autoridades bolivianas.

Continua depois da publicidade

>>> Retorno do Paraguai e crise Brasil-Bolívia marcarão cúpula da Unasul

Paralelamente, Figueiredo reiterou que a questão envolvendo o Paraguai, que ficou suspenso por quase 14 meses do Mercosul e da Unasul, está solucionada. A expectativa é que durante a cúpula haja uma homenagem de boas-vindas ao novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, que assumiu o governo no último dia 15.

O Paraguai foi suspenso dos blocos regionais porque os líderes sul-americanos concluíram que o processo de destituição do poder do então presidente Fernando Lugo, em junho de 2012, transgrediu a ordem democrática. As autoridades paraguaias negaram irregularidades. O Paraguai foi reintegrado ao Mercosul e à Unasul durante a posse de Cartes há 13 dias.