O social-democrata Christian Kern tomou posse nesta terça-feira como chanceler da Áustria, após a renúncia de Werner Faymann, em meio ao avanço da extrema-direita, tida como favorita na eleição presidencial do próximo final de semana.
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Kern, de 50 anos, assumiu o cargo após ser empossado pelo presidente em final de mandato, Heinz Fischer.
“Você assumirá um grande cargo, magnífico, mas difícil, com muitas responsabilidades”, declarou Fisher a Kern durante a cerimônia.
Christian Kern, que dirigia até então a companhia nacional ferroviária (OBB), terá como missão fortalecer o Partido Social-Democrata (SPÖ), do qual também assume a liderança, e dar nova vida à coalizão formada com os conservadores do Partido Popular (ÖVP).
Os dois partidos têm renovado sua aliança desde 2007, em mais de três eleições, mas sofreram um revés sem precedentes no primeiro turno da eleição presidencial de 24 de abril, onde seus dois candidatos foram eliminados.
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Desestabilizado por esta derrota, o chanceler Werner Faymann, no poder desde 2008, renunciou de todas as suas funções, duas semanas após o primeiro turno, considerando já não dispor da confiança necessária de seu partido.
Norbert Hofer, o candidato do partido de extrema-direita FPO, venceu o primeiro turno da eleição presidencial com 35% dos votos. Ele vai enfrentar no domingo, no segundo turno, o ex-chefe dos Verdes, Alexander Van der Bellen (21,3%).
O duelo se anuncia extremamente apertado, e uma vitória de Hoffer seria um novo marco em uma Europa abalada pela ascensão do populismo e da extrema-direita.
O presidente austríaco, eleito por seis anos, não está envolvido na gestão diária do país, mas tem poderes formais, incluindo a nomeação de um novo chanceler e a dissolução do Parlamento.
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Na direção do ÖBB desde 2010, Kern endireitou as contas da companhia ferroviária e manteve boas relações com os sindicatos.
A convivência com um presidente de extrema-direita será um dos muitos desafios que o novo chanceler, que figura há tempos entre os possíveis candidatos do SPÖ, terá que enfrentar.
A sua gestão na assistência aos centenas de milhares de imigrantes que passaram pela Áustria durante a crise migratória em 2015 foi aplaudida por sua humanidade e eficácia.
De acordo com uma pesquisa publicada neste fim de semana pelo jornal Kurier, Kern goza de boa popularidade (42% de opiniões favoráveis).
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Christian Kern “tem uma tarefa hercúlea pela frente” e a primeira será “curar as fraturas do partido”, dividido entre suas alas esquerda e direita, de acordo com o cientista político Thomas Hofer.
A mudança da política migratória do governo com a decisão, nos últimos meses, de limitar o número de requerentes de asilo e restringir seus direitos, aumentou as divisões.
O Partido Conservador fez desta linha dura a sua condição para continuar a coalizão com os social-democratas, cujo mandato normalmente iria até 2018.
* AFP