A sala dispensa glamour. Na repartição de 20 metros quadrados, dois painéis de 52 polegadas exibem algarismos que se atualizam a cada hora. Apesar de singela, a Sala de Situação para Eventos Hidrológicos Extremos, que será inaugurada nesta quinta, 7, é a principal estrutura do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram) da Epagri para calcular risco de cheias, informar sobre a chance de estiagem no Estado e acompanhar como a população faz uso da água.

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Espalhadas por 10 das 24 bacias hidrográficas de Santa Catarina, 37 estações enviam via satélite informações sobre a quantidade de chuva e o nível dos rios. Aliados às informações do setor de meteorologia, os dados ajudarão a Defesa Civil a definir a resposta aos desastres.

O serviço começou em fase de testes em abril, data do primeiro boletim hidrológico. Contava com 17 estações telemétricas em duas bacias. Em setembro, permitiu traçar projeções do nível dos rios na enchente que atingiu principalmente o Vale do Itajaí. Agora, abrange desde a bacia do Rio Araranguá a do Rio Chapecó. Quarta-feira, 6, os indicadores chamavam a atenção para a estiagem.

As estações em Taió, no Vale, e Meleiro e Orleans, no Sul, estão em estado de emergência, Alfredo Wagner e São Martinho estão em alerta. Desde sexta, por exemplo, o nível do Rio Manoel Alves, em Meleiro, encolheu 41 centímetros e foi possível identificar que a agricultura e o abastecimento das cidades contribuíram.

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As estações são da Agência Nacional de Águas (ANA), que assinou termo de cooperação com a Epagri até, pelo menos, 2016. A ANA cedeu os equipamentos e a Epagri, os funcionários. Engenheiro agrônomo e mestre em Hidrologia, Guilherme Xavier de Miranda Jr. coordena cinco pessoas – técnico em meteorologia, engenheiro sanitarista e oceanógrafo -, que monitoram os dados, calculam projeções e emitem diariamente um boletim no site da Epagri Ciram.

– Tem bacia que não terá monitoramento porque não tem agravante por não ter população ribeirinha ou uma cidade às margens. É o caso do Rio Irani, no Oeste – exemplifica Miranda.

Confira onde estão as estações monitoradas:

Comportamento das bacias será estudado

O sistema deve se tornar totalmente eficiente em 2014, quando o Ciram aplicará pesquisas sobre o comportamento das bacias para entender o tempo de resposta dos rios diante dos eventos. O radar meteorológico, previsto para entrar em operação em março, também vai garantir a precisão das previsões. Com o sistema completo, será possível prever uma enchente entre 18 a 24 horas de antecedência.

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Desde a década de 1960, a Epagri tem serviço de meteorologia focado na agricultura, mas não tinha monitoramento hidrológico. O Ceops, da Furb, em Blumenau, é pioneiro, mas foca-se somente no Vale, onde desde 1929 há estações da ANA. Há outras 235 estações no Estado, cuja coleta de dados é feita manualmente por voluntários _ 88 medem nível de rio e 147 a chuva.

Secretário de Estado da Defesa Civil, Milton Hobus garante que investimentos estão previstos e a automatização das estações integra o plano de implantação do Centro de Monitoramento e Alerta, que na primeira fase prevê a interligação da rede pluviométrica do Estado e instalação em pontos hoje descobertos, além do radar meteorológico.

No centro da Defesa Civil, os dados coletados pelo Ciram também poderão ser acessados.