O que dizer de Sinéad O?Connor? A irlandesa surgiu nos seus 20 anos, no auge de sua beleza estranha, entre o angelical e o skinhead, cantando canções pop. Pegou uma música fraca de Prince – Nothing Compares 2 You – e tornou um clássico seu.
Continua depois da publicidade
Depois, foi gradativamente se decompondo como artista relevante. Rasgar uma foto do Papa João Paulo II ao vivo na tevê também não foi muito esperto. Problemas pessoais e a depressão ajudaram Sinéad a se tornar uma artista complicada de grande passado.
Por isso, não é difícil ouvir seu novo disco, How About I Be Me (And You Be You)?, como um retorno à boa forma. Pessoal, com letras confessionais escritas na primeira pessoa – poucos trabalhos conseguiram alcançar tão poderoso ataque emocional nos últimos anos -, tem uma sinceridade nas letras dolorida e cortante, lembrando a fase Plastic Ono Band de John Lennon.
“Deixe-me criar algo além de problemas”, pede ela na bela Very Far From Home, enquanto a climática I Had a Baby aborda a maternidade. Queen of Denmark é uma digna cover de John Grant – que parece, aliás, ter sido uma influência significativa nesse disco. Mas o momento mais forte é o de Old Lady, uma canção de amor pé-no-chão em que ela consegue alguma delicadeza.
O trabalho foi produzido por seu ex-marido John Reynolds, que também tem no currículo outros irlandeses ilustres como Damien Rice e Andrea Corr.
Continua depois da publicidade
How About I Be Me (And You Be You)?, de Sinéad O?Connor, Lab 344, 10 faixas, R$ 29,90