A novela sobre qual deve ser o modelo do tratamento de esgoto para o sul da ilha serve de exemplo para mostrar o Brasil que não dá certo. Nós fracassamos na simples tentativa de buscar uma conciliação, de construir uma agenda com o mínimo de convergência. Enquanto comunidade, ONGs e o poder público não se acertam, o esgoto segue lançado in natura no meio ambiente no sul da ilha.

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Essa novela começou em 2008, com o início do estaqueamento para a construção da Estação de Tratamento de Esgoto do Rio Tavares. Maricultores, um grupo de moradores e o Ministério Público Federam criticaram a obra e apontaram riscos para a produção de ostras no Ribeirão da Ilha e de poluição do Rio Tavares. A obra ficou embargada quase dez anos. Em 2017 , foi retomada. Está em fase final. Mas segue o impasse onde lançar o efluente tratado. A comunidade pede, agora, que seja no Saco dos Limões e não no Rio Tavares, o que iria encarecer muito a obra. Em meio a essa indefinição, a agência japonesa, que iria financiar a obra, desistiu. Para os japoneses um projeto precisa ter início, meio e fim. Essa confusão tipicamente brasileira afastou os japonesas da JICA.

Com o passar do anos e a indefinição da obra, a Casan pensou no emissário submarino como uma forma de absorver 1/3 do esgoto da ilha, na medida em que a cidade cresce sem parar. Novo impasse.

É evidente que o princípio da precaução precisa ser levado em consideração.

Mas será que não somos capazes de construir um debate técnico que encontre uma solução viável e que contemple os interesses sociais, econômicos e ecológicos ?

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Só há uma certeza: apenas uma coisa é pior do que fazer o emissário submarino para o sul da ilha. É não fazer nada.