Nove pinguins tratados em Florianópolis voltam para a natureza na manhã desta segunda-feira. Depois de passarem por todos os testes e de receberem marcação para acompanhamento, os animais foram liberados na Praia do Moçambique. Agora vão enfrentar a longa jornada para casa, na Patagônia.
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Animais foram liberados na Praia do Moçambique, em Florianópolis
Foto: Guto Kuerten, Agência RBS
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Até a hora de partir, outros dois pinguins também sairiam com o grupo, mas os profissionais responsáveis pela soltura decidiram que, por questões de saúde, eles precisavam de mais tempo de recuperação.
Os bichinhos soltos foram encontrados debilitados nas praias de Santa Catarina e foram acompanhados por equipe da Associação R3 Animal, Polícia Militar Ambiental e Fundação do Meio Ambiente (Fatma) no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina (Cetas), que fica no Rio Vermelho. Lá, com a ajuda de voluntários, passaram os últimos dias ou meses recebendo cuidados, alimentação e carinho até que pudessem voltar à natureza.
Para nove deles (um adulto e oito juvenis) o dia de voltar para casa é esta segunda. Outros sete não passaram nos testes e vão ter que ficar por aqui mais um pouquinho (além dos dois que quase foram embora nesta segunda-feira).
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Entre os exames necessários para confirmar as condições de soltura estão os de sangue e físicos (para ver se há lesão, auscultar o pulmão). O teste de impermeabilização das penas é o mais importante e é feito para garantir que eles não morram ao se encharcarem.
A maioria dos animais já estavam prontos para a soltura desde a última quarta-feira, dia 3 de setembro, mas o tempo ainda não havia ajudado. As ondas estavam fortes e com a volta das condições adequadas do mar nesta segunda-feira é possível devolvê-los para seu habitat natural. Na hora de ir para o mar, são sempre devolvidos em grupos de cerca de 10 bichinhos. Uma das características dos pinguins é viver em bandos, e essa soltura coletiva ajuda na sua sobrevivência.

Pinguins são liberados em bandos, assim como costumam viver na natureza
Foto: Guto Kuerten, Agência RBS
Sem lenço, com documento
Cada animal leva consigo uma identificação, um RG, que vai passar a identificá-los se forem encontrados novamente. O registro deles fica em um dispositivo de metal que é preso em uma de suas asas. Todas as aves que visitam o território brasileiro e são acolhidas por centros de tratamento credenciados são liberadas com esta identificação. Esse procedimento é parte de um projeto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e garante um melhor acompanhamento desses animais.
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– Cada um de nós tem um RG, uma sequência de números que vai levar para o resto da vida. Com a anilha, cada pinguim terá uma identificação permanente. Quando eles voltarem para a colônia reprodutiva, vamos sabem quem é ele, a idade, por onde passou. Esse sistema de anilhamento (junto com o monitoramento da base online) permite que daqui a 10 anos, 20 anos, quando alguém pegar o pinguim de novo, vá saber onde ele foi anilhado, o tempo de vida – detalha a médica veterinária do Cemave/ICMBio Patricia Serafini.
Com esses sistema nacional, que foi desenvolvido no Cemave, o Centro criou um banco de dados, que permite registrar o histórico desses animais. De acordo com a médica veterinária Cristiane Kolesnikovas, da R3 Animal, nenhum dos pinguins que receberam a identificação no Cetas foi visto novamente por aqui. Entretanto, um deles foi reencontrado dois anos após a soltura. Ele foi liberado em Florianópolis em 2008 e visto na Patagônia em 2010.
De volta ao mar