Nove assaltos em duas semanas e meia deixam usuários de ônibus em pânico na SC-401, em Florianópolis

Nove assaltos a ônibus em um trajeto de 900 metros na rodovia SC-401, entre os bairros Monte Verde e Saco Grande, em Florianópolis, estão aterrorizando os passageiros, os cobradores e os motoristas nas últimas duas semanas e meia. As ocorrências foram registradas entre os pontos do Floripa Shopping, do Senai e do Restaurante Delícias do Campo. O último roubo foi nesta quinta-feira, às 6h30min, quando dois homens entraram em mais um coletivo.

— Todos os assaltos foram cometidos por dois homens, que estavam de cara limpa e vestindo moletom (azul) e um boné (amarelo). Um deles mostra a arma na cintura e o outro com uma faca retira o dinheiro de quem ainda não passou a catraca — contou um motorista de um dos coletivos roubados, de 32 anos, que prefere não se identificar.

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A maioria das ocorrências foi registrada das 20h às 22h, com a exceção da última. Para evitar perder mais objetos pessoais, o motorista leva consigo apenas um aparelho de celular de modelo antigo, a carteira de habilitação e um cartão de banco.

— Tenho colegas que já foram assaltados duas vezes e o medo tomou conta de todos. Nosso receio é de não ter dinheiro e os criminosos reagirem com violência. Os pontos estão muito escuros — observou.

Das nove ocorrências, oito foram registradas no sentido Centro-Bairro.

“Tenho receio de ficar no abrigo”

A reportagem conversou com alguns passageiros no ponto de ônibus do Floripa Shopping. Com receio de represálias, ninguém aceitou ser fotografado ou quis o seu nome divulgado. Mesmo assim, um açougueiro, de 30 anos, contou o que viu nos últimas dias.

— Realmente, tem um homem que fica o dia inteiro no ponto observando a movimentação. Ele vai de um lado para o outro e nunca pega o ônibus. Para falar a verdade, eu tenho receio de ficar no abrigo quando não tem ninguém. Fico distante, porque acho mais seguro — revelou.

Uma assistente de logística, de 32 anos, também mudou o comportamento. Agora, ela só fica no ponto com a bolsa colada ao corpo e presta muita atenção quando alguém se aproxima.

Começou o policiamento velado na região

Nesta quinta-feira, o comandante do 4º BPM, tenente-coronel Marcelo Pontes, esteve reunido com os representantes do Consórcio Fênix e o delegado Cleber Serrano, da Delegacia de Repressão a Roubos. Ele informou que o policiamento foi intensificado após a tortura de um senhor nos últimos dias.

— Estamos fazendo várias abordagens a suspeitos e nos próprios ônibus, mas não conseguimos fazer o flagrante. Agora, faremos o policiamento velado para capturar esses criminosos. Não tenho dúvida que eles serão presos nos próximos dias — prometeu o comandante do 4º BPM.

O tenente-coronel Pontes cobrou do consórcio para que os coletivos esperem a chegada da PM após a ocorrência. Assim, os policiais terão informações mais precisas para identificar os criminosos. Segundo o comandante, são oito assaltos.

Delegado aguarda posição do judiciário

O delegado Cleber Serrado, da Delegacia de Repressão a Roubos, informou que a investigação está bem adiantada. Ele disse que tem suspeitos identificados e já pediu o mandado de prisão ao judiciário.

— Pelo horário, local e maneira de agir, os crimes foram cometidos pelas mesmas pessoas. A investigação não é de hoje, ela começou há algumas semanas e estamos aguardando apenas a manifestação do Poder Judiciário — afirmou o delegado.

Coletivos terão câmeras

O consórcio Fênix confirmou as nove ocorrências de assalto nas últimas semanas e pretende colocar câmeras nos coletivos de Florianópolis. Elas ficarão dentro e fora dos ônibus. As câmeras não serão somente com o objetivo de segurança, mas também para informar o usuário sobre a distância do coletivo a um determinado ponto.

Todos os ônibus terão quatro câmeras: uma externa – no para-brisa; uma no motorista; outra em cima do cobrador e a última no fundo. A linha do Morro do Horácio chegou a ser monitorada, mas a câmera foi destruída e o motorista ameaçado. A intenção do consórcio é implantar o sistema ainda neste ano.